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sexta-feira, 25 de março de 2011

DEVO CONVERSAR SOBRE OS ÍDOLOS DO CORAÇÃO COM OS MEUS AMIGOS?




Você já foi a um jantar entre amigos e conversou sobre o tema ídolos do coração? Provavelmente, não e com certeza teve seus motivos, mas eis dois princípios importantes do aconselhamento bíblico para esta questão:

o O aconselhamento bíblico não se intimida frente a tarefa de identificar os ídolos do coração.

o O aconselhamento bíblico acontece nas conversas rotineiras entre amigos.

Esses princípios do aconselhamento biblico parecem incompatíveis, pois pensamos: “ninguém fala sobre ídolos do coração em uma conversa informal entre amigos!”

Se um amigo te pede: Por favor, identifique os meus ídolos! Você deveria tentar ajuda-lo. Tento em vista que isto nunca é feito, ou quase nunca. As pessoas têm perguntado a você acerca dos ídolos de seus corações?

Então, embora seja uma coisa conhecer os ídolos do coração, não é uma coisa boa virar um radar de identificação dos ídolos do coração. Será que estou me contradizendo aqui? Não e por três motivos:

1 – Primeiro, as pessoas não são, biblicamente, obrigadas a falar de todos os pecados. Pois em vários momentos os nossos corações são inclinados a serem gananciosos, egoístas e buscarem refúgio no conforto da vida. E todos eles são ídolos suculentos. Mas quando eu leio as Escrituras eles não são jogados na minha cara, mas ao invés disso eu encontro conforto, encorajamento, graça e misericórdia. São momentos em que o Espírito brilha a Sua luz sobre esses pecados e eu sou maravilhosamente impactado por Ele. No dia a dia os meus pecados não me sufocam. A mulher que encontrou Jesus no poço (João 4) é um exemplo de como Jesus não joga em nossa cara uma lista de pecados. Seus discípulos são outro exemplo. Qualquer um de nós, provavelmente teria confrontado-os com sua estupidez e egoísmo, mas ao invés disso, Jesus demonstrou paciência a redirecionou a Sua atenção para o que era mais importante. Alguns anos atrás eu convidei um dos pastores da minha igreja para almoçar. Eu tinha um propósito específico em mente: eu listei todos os meus pecados. Eu estava muito nervoso, porque este pastor tinha um discernimento espiritual incomum, e eu sabia que tinha muitos pecados, por isso eu estava muito interessado em ouvi-lo. Quando ele comeu a última colherada disse “Acredite nas promessas.” Meu alívio foi evidente. Eu achava que ele ia dizer: “Welch, você é uma pessoa miserável, você não acredita nas promessas de Deus e por isso é culpado pelo pecado da incredulidade, que é um dos piores." Mas ele disse, “Acredite nas promessas, conheça a Cristo cada vez mais, descanse Nele, se maravilhe no fato de que ele fez várias promessas a você e fique firme Nele.” Ele não estava tentando me convecer, ele estava me mostrando o que era mais importante.

2 - Segundo, há uma diferença entre um ministério público e um ministério privado. Quando lemos algum material de aconselhamento bíblico há momentos em que a visão que ele traz dos ídolos do coração é penetrante e refrescante. O Espírito usa as circunstâncias para nos mostrar os ídolos do nosso coração, o Espírito usa as circunstâncias para nos transformar, e para trazer à tôna os ídolos do nosso coração. Valorizamos qualquer sermão, livro ou blog que traz convicção de pecados. Mas um pregador não fala com você em um almoço da mesma forma que ele prega. Há uma diferença entre um ministério público e um ministério privado. Após um bom sermão nós podemos dizer “ele estava pregando para mim”. Mas se ele estivesse realmente pregando para você, ele estaria pregando acerca de um pecado em particular, então você estaria certo em não gostar disso. O jeito de Paulo escrever para uma igreja era diferente do seu jeito de escrever para um amigo. Compare as cartas de Paulo a Timóteo e a Filemon de suas cartas às igrejas. As suas cartas direcionadas às igrejas eram mais exortativas do que as suas cartas pessoais. O ministério público é para a comunidade. Mas o ministério privado é para uma pessoa. Por isso, no aconselhamento bíblico, o que você encontra em um livro não deve necessariamente ser dito da mesma forma para uma pessoa. Devemos tentar mesclar o ministério público e o ministério privado tanto quanto possível, de maneira que possamos passar algo do que lemos a uma pessoa e ela possa ser abençoada.

3 - Terceiro, A idolatria não é o centro do aconselhamento bíblico, Jesus é. O aconselhamento bíblico não é uma simples extração de ídolos do coração. É a aplicação das verdades de Deus à rotina de vida, especialmente para o sofrimento da vida. A morte e ressurreição de Cristo é o que está realmente em vista. Ela nos traz todo o incentivo, sabedoria, iluminação, amor, confiança e esperança que precisamos. A Palavra nos dá todo o incentivo, sabedoria, iluminação, amor, confiança e esperança. Pergunte a um conselheiro bíblico qual a sua visão a respeito dos ídolos do coração e, com certeza ele não será tão enfático e contudente quanto à sua posição a respeito de Cristo e do evangelho. Jesus e a Sua Palavra são o coração das Escrituras, e também devem ser o centro do aconselhamento bíblico. Sim, há momentos em que você conversa com um amigo a respeito do pecado. O evangelho nos orienta para essas coisas. A cegueira dos nossos pecados nos compele a isso. Como fazemos isso? Como conversamos com um amigo? Com humildade, com um senso de nós, de forma que você possa ver o mesmo pecado em seu coração, escolhendo com sabedoria as palavras, com um coração que quer encorajar ao invés de derrubar. Tenha essas conversas, mas não se veja como um caça ídolos.

Pr. Carlos

Traduzido e adaptado do texto: Who Talks About Idols Among Friends? De Ed Welch

Fonte: www.ccef.org/

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