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terça-feira, 27 de outubro de 2009

QUAIS COMPROMISSOS TEOLÓGICOS SÃO ESSENCIAIS PARA O MÉTODO NOUTÉTICO DE ACONSELHAMENTO BÍBLICO?

Em geral, o conselheiro bíblico procura afirmar as doutrinas fundamentais da fé na tradição da Reforma Protestante. Há três compromissos doutrinários básicos para um conselheiro cristão: a doutrina da Autoridade e Suficiência das Escrituras, a soberania de Deus e a doutrina do pecado. Vamos explicá-las melhor:

1 – Autoridade e Suficiência das Escrituras: Essa verdade mais do que qualquer outra, distingue o aconselhamento bíblico. Ela entende que a Palavra de Deus, usada pelo Espírito de Deus, é suficiente para resolver todos os problemas espirituais, psicológicos e relacionais do cristão (2 Tm 3.16,17). Nenhum outro ramo de conhecimento deve ser integrado com a Bíblia – ela é única e fala com autoridade absoluta e final.


2 – A soberania de Deus: Todo problema de aconselhamento pode ser tratado a partir de um pensamento errado acerca do caráter e vontade de Deus (Is 55.8,9). Portanto, todos os pesares do coração, tragédias, provações, e sofrimentos devem ser colocados em um prumo de relacionamento correto com a pessoa gloriosa e majestosa de Deus. Já que só Ele é Deus, e não existe outro além dEle, todo tipo de dificuldade precisa ser relacionada com o plano soberano dEle (Rm 1.25).


3 – A doutrina do pecado: Só o método noutético trata com a devida seriedade a natureza radicalmente deficiente do homem. O dilema mais fundamental não é que as pessoas estão com dores, ou que carecem de auto-estima, ou que vêm de uma família disfuncional, ao contrário, o problema básico é que eles são pecadores caídos, são rebeldes (Rm 5.10) e idólatras (Rm 1.25).


Embora a abordagem noutética não seja integracionista, há uma diversidade teológica e denominacional entre os seus defensores. Por exemplo, há conselheiros dispensacionalistas, aliancistas, episcopais, presbiterianos, batistas, etc. O aconselhamento bíblico não é sectário e é interdenominacional. Mas as doutrinas acima apresentadas são o marco distintivo daqueles que se intitulam conselheiros bíblicos.


Pr. Carlos Mendes

Baseado no texto de Ken L. Sales

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

RESENHA DO LIVRO : Introdução do Aconselhamento Bíblico de John F. MacArthur Jr. e Wayne A. Mack


O livro nos apresenta uma visão integrada que leva em conta a pessoa, o problema pelo qual ela tem passado e a revelação de Deus em sua Palavra. Sendo assim, para os autores a revelação especial é a fonte primária de conhecimento e princípio hermenêutico da revelação na natureza e nas ciências sociais que estudam o comportamento humano e social. Quanto às ciências naturais o livro as leva em consideração e reconhece a sua importância e a razoabilidade de sua confiança, mas as Escrituras são sempre os óculos através dos quais todas as ciências são analisadas.Algo muito importante que o livro traz é a demonstração de que o aconselhamento bíblico não é uma especialidade separada do ministério pastoral e da comunhão cristã na igreja. Neste sentido, por exemplo, a pregação faz parte do aconselhamento na prontidão para responder a dúvida da congregação após a mensagem. Outra questão deixada bem clara pelos autores é que o aconselhamento bíblico não é tarefa exclusiva dos pastores, mas também de presbíteros e “leigos”. Mas o que mais me chamou a atenção foi a maneira como os autores vêem a psicologia, tendo em vista que muito se discute sobre a relação entre aconselhamento e psicologia, e confesso que esta sempre foi um área de tensão para mim pois não sabia como lidar com isso. Mas ao afirmarem que a psicologia deve ser considerada uma área de estudo do ser humano, e como tal, de caráter observatório, pude apaziguar as minhas dúvidas. Tendo em vista que o livro deixa bem claro que as observações feitas e as teorias propostas poderão ser tão corretas como erradas, e que deveriam ser apreciadas, como em todas as áreas do conhecimento, de modo crítico. Sendo assim, pude entender que a psicologia secular observa a realidade perceptível e coleta seus dados, mas os utiliza para fugir de Deus, para negá-lo e para adorar e servir a criatura em lugar do criador.Conforme afirma McArthur Jr “Não tenho qualquer dificuldade com aqueles que usam o bom senso ou as ciências sociais como plataformas úteis a um observador da conduta humana e desenvolvem meios para dar assistência a pessoas que precisam obter controle exterior do seu comportamento. Isso pode até ser um primeiro passo para se obter a verdadeira cura espiritual. Mas um conselheiro sábio, reconhece que todo tipo de terapia behaviorista permanece na superfície, fica aquém das verdadeiras soluções para as reais necessidades da alma, que são satisfeitas somente em Cristo.” (pg. 38). Mas apesar de ser reconhecida como uma fonte de observação do comportamento humano a psicologia jamais deverá ser colocada acima das Escrituras, pois no aconselhamento deve ser resguardada a soberania da fé cristã revelada na Bíblia como o elemento crítico da validade de qualquer forma de pensamento. A grande questão é que no pensamento secular a revelação bíblica não sequer considerada, mas para o conselheiro cristão ela é a fonte primária. Portanto, algo muito interessante apontado pelo livro são os problemas que as ciências sociais apresentam:
- A natureza humana é essencialmente boa.
As Escrituras afirmam que todos pecamos e carecemos da glória de Deus, e portanto, nascemos com uma natureza pecaminosa que nos faz mal por natureza.
- As pessoa encontram respostas para os seus problemas dentro de si mesmas.
As Escrituras afirmam que só encontramos respostas para os nossos problemas na graça de Deus, manifesta em Jesus Cristo.
- A chave para a compreensão e a correção das atitudes e ações de uma pessoa reside em algum ponto de seu passado.
O aconselhamento leva em conta as memórias de uma pessoa. No entanto, não entende que a solução para os problemas de uma pessoa está em algum lugar do seu passado, muito menos que os acontecimentos do passado determinam o que a pessoa é no presente. Segundo, o Rev. Wadislau “cremos que a coleção das memórias seja feita, imaginativa e seletivamente, depois da ocorrência de situações e de experiências que ratificam a habitação em crenças (fé); e cremos que o arrependimento bíblico é a base para a mudança do objeto da fé dos ídolos para Deus (mudança de habitação), e até mesmo para a reconfiguração das próprias memórias (imaginação) transformando o coração para um propósito novo e santo (operação).” (Gomes, pg. 129)
- Os problemas de uma pessoa são resultantes de algo que outra pessoa lhes fez.
A Palavra deixa claro que todos somos pecadores e que portanto o arrependimento torna-se necessário para que possamos experimentar a redenção de nossas vidas. É claro que o pecado de outras pessoas também nos prejudica, no entanto, não podemos transferir a culpa daquilo que fazemos para terceiros.
- Os problemas humanos podem se puramente psicológicos em sua natureza – não estão relacionados a qualquer condição espiritual ou física.
O problema humano é relacional (relacionamento com Deus e com o próximo quebrado).
- Os problemas profundos só podem ser resolvidos por conselheiros profissionais e por meio de terapia.
Como as bases das terapias são princípios seculares humanistas ela oferece uma solução para os problemas humanos à parte de Deus, no entanto, o pensamento reformado trabalha com o aconselhamento redentivo, pois parte da crença da depravação total do homem e procede de Deus para alcançar o homem, já uma abordagem terapêutica parte do homem em direção ao homem, sendo insufidicente para falar às necessidades humanas mais profundas.
- As Escrituras, a oração, e o Espírito Santo são fontes inadequadas e simplistas para a resolução de certos tipos de problemas.
Só a Bíblia é o instrumento confiável e legítimo para que se possa verdadeiramente conhecer a alma humana, e para redimir o coração, a mente e a vontade humana. Sendo os exercícios devocionais essenciais na aplicação de seus princípios.
Portanto, não existe uma rivalidade entre a Bíblia e a Psicologia, pois elas não estão no mesmo pé de igualdade. No entanto, a Psicologia mostra-se útil como uma ciência que estuda o comportamento humano, sendo que suas observações poderão ajudar o conselheiro, mas todas elas devem passar pelo crivo das Escrituras. Conforme afirma Wadislau M. Gomes “As diferentes psicologias presumem a cura do homem a partir de princípios seculares humanistas, das idéias de bondade completa do homem ou de sua maldade por definição, ou, ainda, de sua neutralidade moral e da circunstância natural do problema (psicológico, mental ou ambiental), oferecendo a possibilidade de solução de problemas à parte de Deus – seguindo um modelo médico do qual deriva a expressão “terapia”. A teologia reformada utiliza do termo “redenção” não apenas para fazer uso da linguagem teológica, mas, primordialmente, porque a crença na depravação total do homem (veja Gn 2-3; Rm 1-3) coloca o problema do homem no âmbito dos aspectos moral e pístico (relativo à fé).” (Gomes, Pg. 14)Portanto, o livro é de fato um excelente instrumento para conselheiros que querem aplicar os princípios bíblicos no aconselhamento de pessoas que lidam com diversos problemas em suas rotinas de vida, pois nos mostra a suficiência das Escrituras para todos os problemas que afetam a humanidade, deixando claro a origem comum de todos eles: o pecado. E desta forma, este mau jamais pode ser ignorado quando se trata de ajudar pessoas com problemas.
Pr. Carlos

Uma análise do integracionismo da Psicologia com a Bíblia. Deve o conselheiro cristão ser integracionista?

Vivemos na chamada era da informação, hoje em dia temos acesso instantâneo a todo tipo de informações e somos expostos todos os dias a uma quantidade assustadora de dados. E com essa enxurrada de informações torna-se cada vez mais difícil discernir o que é verdadeiro do que é falso.
No decorrer de sua história, muitas vezes a igreja cristã tem considerado as demais formas de pensamento não bíblicas como um obstáculo ao entendimento da verdade e não como uma ferramenta para o aprendizado. Paulo nos diz para termos cuidado para com as vãs filosofias “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição de homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.” (Cl 2.8) e muitas vezes esta passagem tem sido interpretada como um ataque a toda forma de pensamento não bíblica, mas se prestarmos mais atenção vamos ver que as palavras “vãs” e “sutilezas” qualificam filosofia, ou seja, a partir do texto podemos inferir que as diversas filosofias podem ser utilizadas tanto para construir quanto para destruir. Portanto, se por um lado não devemos integrar o pensamento cristão a outras formas de pensar, por outro, devemos interpretar todos os pensamentos à luz das Escrituras ao invés de simplesmente ignorá-los, e então usarmos aquilo que dentro da graça comum pode ajudar o homem a glorificar mais a Deus.
No entanto, o que se vê muito nos dias de hoje por parte de muitos cristãos é um absolvição passiva do que é apresentado pelas diversas formas de pensar. Há um completa rendição a pensamentos supostamente científicos, como se fossem uma outra revelação divina, absoluta e inquestionável. Solano Portela referindo-se à educação e à psicologia faz a seguinte afirmação:"Nesse sentido, estabelece-se uma dicotomia entre aquilo que a Palavra de Deus revela sobre a constituição moral e psicológica do homem e os estudos dedutivos das correntes contemporâneas psicológicas e pedagógicas. Na maioria das vezes todo o campo da psicologia educacional é estudado como se fosse uma área estanque e segregada do conhecimento humano, intocado e imune às proposições reveladas na Palavra de Deus". (PORTELA, 2004, p. 86)
Esse tipo de pensamento é o reflexo de uma doutrina diluída, estranha à Palavra de Deus, que se concentra na autonomia do homem e renegação da soberania de Deus, portanto, o pensamento Cristão ao elaborar uma síntese das doutrinas bíblicas com as doutrinas humanas renega as verdades absolutas das Escrituras e elabora uma forma de pensar como se as premissas do cristianismo não tivessem interferência no dia-a-dia de cada um, como se Deus não tivesse nada a dizer sobre as diversas formas de pensar elaboradas pelo homem, como se Ele não fosse o criador do mundo e de todo o universo, do homem e de sua mente. Portanto, a única forma de fugirmos da elaboração integracionista de pensamento é procurarmos na Palavra aquilo que ela objetivamente revela sobre o homem, sua formação, e intelecto.
Mas essa visão compartimentada em que o cristianismo tornou-se algo referente á vida privativa sem interagir com outras formas de pensar e sem influenciar a “mente do mundo” segundo Nancy Perce surgiu na própria igreja evangélica:"A ala populista do evangelismo contribuiu para a idéia de que a religião é uma experiência emocional particular (pavimento de cima), ao passo que a ala erudita reforçou a idéia de que o conhecimento público deve ser religiosamente neutro e autônomo (pavimento de baixo). Em vista disso, a religião foi retirada do reino público e inserida no reino particular. Lá poderia se desenvolver, como na realidade aconteceu. Mas seria mantido de modo cuidadoso em sua gaiola. Enquanto isso, as ideologias seculares tiraram proveito do espaço vazio e rapidamente preencheram o cenário público." (PEARCY, 2006, p. 359)
Sendo assim, a partir do século XIX a religião passou a cuidar exclusivamente das questões de cunho pessoal e familiar sendo que as dimensões públicas – política, sociedade, economia, cultura – ficaram autônomas sendo dominadas por ideologias não- cristãs. Portanto, gradativamente o cristianismo saiu do cenário público para ir dominando a esfera particular da vida das pessoas. Desta forma, se durante dois séculos o pensamento cristão tinha sido marcado pela ditocomia dos dois pavimentos, a partir do século XIX ela se tornou evidente nas instituições sociais, e os crentes passaram a transitar entre esses dois mundos. A igreja deixou de ser porta-voz da sociedade e passou a reger apenas os pensamentos referentes à vida privativa. A igreja deixou de dialogar com o mundo secular, pois absorveu a idéia de que a religião não faz parte da vida intelectual e de que o pensar acadêmico seria de caráter exclusivo da ciência. Sendo assim, os cristãos, em especial os norte-americanos, desistiram da idéia de que o cristianismo é a cosmovisão que interpreta e analisa todas as demais formas de pensar,ou seja, de que a bíblia é o óculos através dos quais devemos julgar todo o pensamento existente, portanto, como conseqüência disto temos a formulação de um pensamento integracionista ou como alguns preferem chamar sintético.
Neste sentido, a meu ver a psicologia foi a forma de pensamento secular mais assimilada pela igreja evangélica. Tendo em vista que os cristão, ao contrário do mundo, estão cada vez mais comprometidos com ela, e o que vemos é uma verdadeira legião de crentes viciados em psicoterapia. No tocante a isto, John MacArthur Jr. faz a seguinte afirmativa:"A psicologia e o cristianismo são antagônicos desde o princípio. As pressuposições de Freud são de fundamentação ateísta e cínica. Ele chamou a religião de “neurose universal e obcecada”. Para ele, a religião não passa de ilusão que derivou sua força do pensamento irracional e ilusório (que se desejaria fosse verdade) enraizado no instinto humano. Os primeiros seguidores de Freud foram uniformemente hostis à crença bíblica." (MacArthur, 2004, p. 15)
É claro que num primeiro momento a igreja ficou desconfiada dessas idéias, mas juntamente com outras hipóteses ateístas o freudianismo ganhou popularidade no século XX, e dentro da igreja evangélica prosperou uma versão desta forma de pensar: o liberalismo teológico, que negava a autoridade das Escrituras e questionava o sobrenatural, e este juntamente com o freudianismo, o darwinismo e o marxismo contribuíram fortemente para a secularização da sociedade. Desta forma, por volta de meados do século XX a psicologia passou a ser aceita pelo pensamento popular como ciência, apesar de suas hipóteses não poderem ser testadas, ou seus resultados comprovados, portanto, os psicólogos passaram a afirmar que tinham um conhecimento mais elevado e terapias mais eficazes que os tradicionais conselhos espirituais oferecidos por pastores, desta forma, gradativamente o aconselhamento foi transferido da igreja para as clínicas. E nos últimos anos surgiu o movimento chamado psicologia cristã, sobre este movimento John MacArthur Jr. faz as seguintes considerações:"Em anos recentes, entretanto, surgiu dentro da igreja um forte e bastante influente movimento que procura substituir o aconselhamento bíblico no corpo da igreja pela “psicologia cristã” – técnicas e sabedoria adquiridas a partir de terapias seculares e aplicadas por profissionais que recebem por seus serviços. Os que têm liderado esse movimento, via de regra, soam levemente bíblicos. Isto é, eles citam as Escrituras e misturam idéias teológicas aos ensinamentos de Freud, Rogers, Jung, ou qualquer escola da psicologia secular que, porventura, sigam. O movimento em si, entretanto, não está conduzindo a igreja a uma direção bíblica. Vem, sim, condicionando os cristãos a pensarem no aconselhamento como algo que deva ser reservado a especialistas bem treinados. Tem aberto a porta para uma variedade de teorias e terapias extra bíblicas. Na verdade, tem deixado muitos com o entendimento de que a Palavra de Deus é incompleta, insuficiente, obsoleta e incapaz de oferecer ajuda aos mais profundos problemas emocionais e espirituais das pessoas. Esse movimento tem impelido milhões de cristãos a buscarem ajuda espiritual longe de seus pastores e irmãos na fé, introduzindo-os nas clínicas psicológicas.(...) o plano dos doze passos por exemplo, pode ser mais útil que os meios espirituais que visam a afastar as pessoas de seus pecados. Resumindo, ele tem diminuído a confiança da igreja nas Escrituras, na oração, na comunhão, e pregação como meios por intermédio dos quais o Espírito de Deus opera para transformar vidas." (MacArthur, 2004, p. 22)
Partindo para o significado literal da palavra psicologia que significa “o estudo da alma” podemos afirmar que o verdadeiro estudo da alma não pode ser feito por incrédulos. Pois apenas os verdadeiros cristãos têm os recursos para lidar com os problemas da alma, refletidos nas Escrituras. Até Freud, o estudo da alma era considerado uma disciplina espiritual, ou seja estava ligada à religião. A partir de Freud o estudo da alma passou a ser feito a partir de uma cosmovisão secular, separando o estudo do homem da esfera espiritual dando abertura para que teorias ateístas, humanistas e racionalistas definissem o comportamento humano. As bases do pensamento psicológico são totalmente anti-bíblicas, ou seja, não têm a Bíblia e o temor a Deus como o pilar do seu pensamento.
Mas no contrapé do que a “psicologia cristã” tem afirmado, o integracionismo não gera a verdadeira mudança de caráter proposta pelas Escrituras, tendo em vista que desde a igreja primitiva o aconselhamento bíblico tem ocorrido na vida da igreja como um ministério. O Novo Testamento deixa isso claro em passagens como:“E, certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros.” (Rm 15.14)
“Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.” (1 Ts 4:18)
“pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo em que chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.” (Hb 3.13)
“Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.” (1 Ts 5:11)
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados.” (Tg 5:16)
“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos.” Rm 15.1
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais corrigi-o com espírito de brandura, e guarda-te para que não sejas também testado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” Gl 6.1,2
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente, em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.” (Cl 3:1)
“Toda e Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Tm 3.16,17)
Portanto, as Escrituras são suficientes para auxiliar e tratar qualquer pessoa e seus problemas referentes à alma. E os tradicionais exercícios devocionais são os “remédios” ideais para quaisquer problemas da alma humana, a santificação pessoal é o caminho vital para a vitalidade pessoal, procurar ser igual a Cristo nos leva à vitória sobre as dificuldades da vida, portanto, ao ajudarmos uma pessoa devemos como conselheiros cristãos utilizar os recursos profundos das Escrituras e do Espírito Santo, ao invés das técnicas psicológicas que apenas geram modificações superficiais no comportamento. Mas a meditação nas Escrituras e a oração – consideradas técnicas ultrapassadas e simplistas pelos psicólogos – são as ferramentas indicadas pela Palavra para superar os problemas da vida e são esses exercícios que devem ser incentivados pelos conselheiros cristãos. Isto não significa que a Psicologia como uma técnica de observação do comportamento humano não ofereça ajuda no entendimento de quem o homem é, neste sentido ela tem o seu valor, no entanto, como seus pressupostos são centrados no homem e não em Deus e como foi desenvolvida por incrédulos ela precisa ser peneirada, e a referência para esta análise é a objetividade das Escrituras, desta forma, a psicologia clínica é ineficaz para tratar com profundidade os problemas da alma humana.
Pr. Carlos Mendes

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O QUE O ACONSELHAMENTO BÍBLICO PODE OFERECER PARA NÃO-CRISTÃOS QUE VÊM SE ACONSELHAR?


Primeiro, o aconselhamento bíblico reconhece que crentes e não crentes não podem ser aconselhados da mesma forma. Não podemos usar as Escrituras para aconselhar um não-cristão que não está sujeito à sua autoridade. Sem dúvida, o aconselhado não pode e não reagirá à verdade se seus olhos espirituais cegos não forem abertos por Deus. Conforme Paulo diz: “ Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém” (1 Co 2.14,15). Portanto, para que uma pessoa mude, ela precisa ter submetida a sua vontade à vontade de Deus. A única mudança que pode ocorrer em um não-crente é superficial, e jamais transformará o coração. E isso é precisamente do que o aconselhamento bíblico trata – transformar o coração para responder adequadamente a Deus. O que o aconselhamento bíblico, então, pode oferecer ao não regenerado? Podemos comunicar a verdade de que nenhuma mudança significativa acontecerá sem que a pessoa abrace a Jesus Cristo como Salvador e Senhor. É a partir disso que a verdadeira mudança precisa começar. O aconselhamento bíblico pode oferecer o evangelho – a resposta à mais profunda necessidade humana. Essa é a base de qualquer aconselhamento com não-cristãos. Se a pessoa recusar reconhecer uma necessidade pela obra salvifica de Cristo, não existe outra forma de ajudar essa pessoa. S. Lance Quinn

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

POR QUE AS PESSOAS LIGADAS AO ACONSELHAMENTO SÃO TÃO CRÍTICAS E CONDENATÓRIAS PARA COM AQUELES QUE DEFENDEM PONTOS DE VISTA DIFERENTES?


Seria grosseiramente desleal caracterizar todo o movimento de aconselhamento bíblico como crítico e condenatório. Tendo lido boa parte da literatura do movimento, impressiona o raciocínio equilibrado, cuidadoso, proativo e bíblico empregado por homens como Jay Adams, Richard Ganz, Wayne Mack, David Powlison e outros. Entretanto, o erro que o movimento de aconselhamento bíblico procura tratar é extremamente sério, pois diz respeito à integridade e autoridade da Escritura. Muita coisa está em jogo. Os que têm compromisso com o aconselhamento bíblico entendem que diluir as Escrituras com a louca sabedoria do mundo (cf 1 Co 1.20;3,19) é ser privado do poder da benção de Deus no ministério de aconselhamento. Por acaso, é inerentemente injusto ou condenatório dizer que a visão de alguém é um erro? Não, se a pessoa possui autoridade bíblica para dizê-lo. Na realidade, permanecer quieto e permitir que o erro passe sem ser exposto ou corrigido é abdicar da função de ancião (Tt 1.9). O apóstolo Paulo chamou publicamente Pedro de hipócrita por comprometer princípios bíblicos (Gl 2.11-15). Pedro havia sido publicamente hipócrita; foi correto ele ser repreendido publicamente (1 Tm 5.20). Discordar das ou criticar as visões publicadas de alguém não constitui um ataque pessoal. Se a igreja não puder tolerar um diálogo polêmico entre visões opostas – especialmente líderes cristãos não puderem ser tidos como responsáveis quanto a ser ou não bíblicos seu ensinamento – então o erro terá livre curso.

John MacArthur, Jr