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sexta-feira, 13 de maio de 2011

PORQUÊ SOU CONTRA A UNIÃO HOMOAFETIVA?


Porque sou Bíblico.

Levo muito a sério a afirmação de que as Escrituras são nossa única regra de fé e prática. A Palavra de Deus é a verdade absoluta não apenas para questões religiosas, mas para todas as áreas da vida. Baseado no que Paulo afirma em Romanos 13 que afirma que a autoridade é ministro de Deus para o bem da sociedade, afirmo isto. Quando Paulo está falando de bem ele não está se referindo apenas ao combate ao crime ou violência, a moralidade bíblica também é para o bem da sociedade. Quando Paulo está diante de Félix (Atos 24) o texto afirma que ele dissertou acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro. Paulo estava diante de uma autoridade governamental e a confrontou com a Palavra de Deus. Portanto, discordar da conduta homossexual não é odiar o homossexual. Os princípios cristãos devem valer para legislar a todos os homens (como foi o caso do fim da escravidão, fim da queima das viúvas na índia), devemos ter leis baseadas em princípios cristãos, isso não é impor uma religião. A Bíblia nos ensina sobre como deve ser o casamento (homem e mulher), mas casamento não é religião, precisamos diferenciar a base da lei do conteúdo da lei, conteúdo da lei define que tipo de casamento é bom para a sociedade, mas isso não tem a ver com a religião. Sendo assim, as Escrituras nos deixam claro que as autoridades constituídas são subordinadas a Deus e Sua Palavra, independentemente de elas se perceberem assim, mas o que define o papel delas não é seu autoconceito, mas a Palavra de Deus. Portanto, em nenhuma passagem as Escrituras aceitam que as autoridades promulguem leis ou decisões contrárias à Palavra.

Porque sou Calvinista.

Reconheço-me como um crente limitado, portanto, a minha base exegética das Escrituras não vem de uma criatividade própria, mas sim de uma base calvinista de interpretação escrituristica, entendo, que o Calvinismo não é a Palavra de Deus, portanto, não é infalível. Mas interpretar as Escrituras pelas lentes do Calvinismo me deixa mais seguro do rumo que tenho que tomar em questões relativas à minha fé. Portanto, sempre procuro entender o que o Calvinismo afirma acerca das questões da vida, antes de fazer alguma afirmação. Sendo assim, há algumas afirmativas Calvinistas sobre a relação da igreja e estado que são importantes quando analisamos decisões como a do Supremo Tribunal:
As causas dos problemas sociais são decorrentes da perversão e corrupção do coração humano (pecado). Portanto, qualquer proposta de resolver problemas sociais que não atinjam o coração do homem são ineficientes e insuficientes, mesmo que tragam algum benefício temporário.
Jesus é senhor absoluto sobre todas as áreas da vida e da criação. Cristo é Senhor não somente da igreja,  mas do mundo. Tudo pertence a Ele. Os milagres de Cristo sobre a natureza apontam para isso, a obra de restauração não se limita apenas a salvação individual, mas a restauração do universo, da sociedade. Calvino entendia a igreja como a sociedade restaurada no seu embrião. É na igreja que as relações de trabalho sofrem profunda mudança (Efésios). A justa redistribuição de bens (através da diaconia). Calvino sabia que essa restauração é parcial e que a igreja não é perfeita, por causa do pecado. Mas essa sociedade (igreja) não abole as questões sociais (distinções sociais, homem, mulher, patrão, empregado), essa ordem é purificada na igreja, mas não alterada na sua essência. A restauração completa só ocorrerá na glória.

Diante de posturas como a do STF que aprovou a união homoafetiva. Qual deve ser a posição da igreja segundo o Calvinismo?

A igreja tem três ministérios que devem ser atuantes nesta área:

Ministério didático: é dever da igreja, através dos pastores e mestres, de instruir a todos os cristãos o que a Bíblia fala a respeito de questões como essa, portanto, ao invés dos pastores irem logo se apressando e apoiarem decisões como a do STF, baseados em pressupostos legais e sociológicos e não bíblicos, deveriam ensinar a igreja como se posicionar diante de situações como essas, e o erro desta decisão.
Ministério Político: Igreja e estado são duas instituições procedentes de Deus. O magistrado civil é diácono de Deus, há ligações entre as duas instituições, elas têm papéis diferentes, mas se tocam. Missão do Estado: manter a ordem na sociedade, prover o sustento da igreja, prover a pregação fiel da palavra de Deus entre os cidadãos. Mas isso não implicava ingerência do Estado nos negócios da igreja. O Estado deve estabelecer uma boa legislação que garanta a livre pregação da Palavra de Deus, mas ele não deveria tomar conta dos negócios da igreja. Missão política da igreja: orar pelas autoridades para que se convertam e venham ao bom senso, advertir as autoridade nos seguintes casos: quando esquecerem do senso divino do seu ofício, oprimirem os pobres, abusarem do seu poder. A igreja era consciência do Estado, ela deveria vigiar o Estado, senão se tornaria cumplice. Uma igreja politicamente livre inteiramente dependente da palavra de Deus, e um estado que lhe garantiria a pregação do evangelho.
Ministério Social: além do Estado a igreja deveria também se envolver na ajuda os socialmente necessitados. O diaconato era responsável pelo ministério social da igreja. 

Porque subscrevo os Símbolos de Fé da Igreja Presbiteriana do Brasil. (Confissão de Fé de Westminster e Catecismo Maior e Breve Catecismo de Westminster).


A Confissão de Fé de Westminster afirma em seu Capítulo XXIII intitulado Do Magistrado Civil: “Deus, o Senhor supremo e Rei de todo o mundo, para a sua própria glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis, a ele sujeitos, e para este fim os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores.”  Afirma ainda: “Os magistrados civis não podem... de modo algum interferir em matéria de fé. Com o Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de qualquer Estado deve interferir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os membros voluntários de qualquer denominação cristã...”
Portanto, a confissão de Fé é clara ao demonstrar que as autoridades são constituídas por Deus para Seu louvor e glória, portanto, como uma autoridade pode legislar contra a lei do próprio Deus? 

Porque sou Presbiteriano.

A Igreja Presbiteriana do Brasil em um manifesto contra o aborto e a homofobia fez a seguinte afirmação oficial: “ Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualidade é homofóbica, e caracteriza como crime essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualidade como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos. Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11). Ante ao exposto, por sua doutrina, regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualidade não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais. Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil não pode abrir mão do seu legítimo direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo.”

Entendo perfeitamente que faço parte de uma igreja conciliar e me subordino às decisões de meus concílios superiores, a não ser, que as decisões sejam contra a Palavra de Deus (autoridade última), o que não é o caso. Sendo assim, quero incentivar a todos os irmãos evangélicos e presbiterianos a se unirem contra decisões que afrontam a nosso Deus e sua Santidade, que afrontam a Sua Palavra e Seu Reino. Peço aos pastores que não se deixem empolgar por afirmações humanistas baseados em princípios outros que não os da Palavra de Deus, e que sejam o que Palavra nos manda ser: baluartes da verdade e consciência do Estado.