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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA - PARTE VII




Aconselhamento Aplicado






Tendo estes pressopostos como base para o aconselhamento, é importante partir para o aconselhamento propriamente dito. Mas como aconselhar alguém com problemas com a pornografia?


Em primeiro lugar, temos que ser realistas para como o homem em sua situação presente, para com o problema básico do homem. E neste sentido temos que pensar em termos de valores bíblicos. E esta é a grande diferença entre uma resposta redentiva e uma resposta terapêutica. Com relação a isto o Rev. Wadislau faz a seguinte poderação: "Por terapêutico, eu me refiro à aproximação ao ser humano e seus problemas para cura e solução (o que implica o modelo médico). Por redentivo (neologismo consagrado na teologia), entenda-se a ação do poder do evangelho que inclui: (1) o ambiente do homem – que é o próprio Deus soberano – e todo o seu propósito na Criação. Queda e Redenção assim como no destino final da humanidade; (2) toda a profundidade dos aspectos psicológicos, sociais, ecológicos e, principalmente, teológicos do ser humano; (3) a transformação de seres humanos à imagem de Cristo com base na sua obra redentiva com todas as suas consequências por meio do Espírito Santo, sua cura (psicológica, cultural – a totalidade do ser), isto é, a redenção dos problemas e o alcance dos propósitos de Deus." (Gomes, 2004. Pág. 14). A resposta terapêutica presume a cura do homem a partir de princípios seculares humanistas, ou seja, de que o homem é bom, ou moralmente neutro, oferecendo a solução destes problemas à parte de Deus. Mas a Teologia Reformada utiliza o termo redenção pois parte da crença na depravação total do homem colocando o problema do homem no âmbito dos aspectos morais e de fé. Sendo assim, no aconselhamento bíblico de pessoas envolvidas com a pornografia, deve-se ter uma noção bíblica do homem como sendo criado por Deus de modo analógico, segundo a sua imagem. O homem foi criado bom, mas ao pecar caiu e se tornou redimível. O homem é hoje o mesmo homem criado por Deus, mas sua condição não é a mesma da criação. Conforme as Escrituras afirmam,ele está morto em seus pecados e a vida que tem é vivida em um ambiente de morte, ele encontra-se em um estado de rebelião contra Deus. Desta forma, o problema básico do homem é o pecado. Isto não significa que todos os problemas de um homem são consequências diretas do seu pecado, mas certamente são consequências do pecado de Adão. Consequentemente, só a redenção consumada pelo Senhor Jesus Cristo na cruz pode resgatar o homem deste terrível mal, o pecado.
Em segundo lugar, é necessário ter o entedimento de que o grande problema está no coração da pessoa. A Escritura ensina que o coração é o centro de controle da vida. A vida de uma pessoa está no seu coração. Provérbios 4.23 afirma: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” É do coração que emanam as realizações da vida. O comportamento de uma pessoa é uma expressão do que há em seu coração. Assim sendo, o coração determina o comportamento.“Coração”, na Escritura, está principalmente ligado a idéia daquilo que é mais central e profundo em algo ou alguém. O coração do homem é fundamentalmente religioso, ou seja, tem uma vocação ou impulso natural para manter relação com Deus ou com um ídolo; Coração é o elemento definidor e central da pessoa humana (heb.: Leb, lebab; grego: Kardia). É o núcleo central da vida a partir do qual toda vida procede e é determinada. O alvo do aconselhamento deve ser o coração da pessoa e não o seu comportamento. A respeito disto Tedd Tripp faz a seguinte asseveração: "A compreensão disto faz coisas maravilhosas em favor da disciplina. Ela faz do coração o alvo da questão, e não somente o comportamento. Essa compreensão facilita a correção em coisas mais profundas do que somente na mudança de comportamento. O ponto de confronto é o que está acontecendo no coração." (Tripp, 2007, pág. 18). Neste sentido, a proposta é desmascarar o pecado, ajudando o aconselhado a entender como o seu comportamente reflete um coração pecador. Este fato leva o aconselhado à cruz de Cristo e ressalta a necessidade de um Salvador. Neste ponto, o aconselhamento aponta para a glória de Deus, que enviou Jesus para transformar corações e libertar as pessoas presas em seus comportamento pecaminosos.Mas o que dizer a respeito das influências formativas, tão valorizadas pela psicologia. Não são elas que determinam o comportamento. pois que o comportamento pornográfico não é na verdade um resultado a influencia do meio em que a pessoa viveu? Com respeiro a isto o Dr. Valdeci tem uma conclusão interessante : “(...) parece mais correto descrever tal fenômeno como uma preferência adquirida. Essa preferência pode estar ligada tanto à influência psicossocial quanto à decisão individual de adotar um comportamento contrário à sua própria natureza. Essa abordagem possui mais respaldo bíblico, pois as Escrituras ensinam que o gênero humano é uma raça concebida em pecado e por este afetada física, psicológica e espiritualmente (Sl 51.5; Jo 3.5,6; Rm 5.12; Ef 2.1,2). (...) O comportamento preferido e aprendido pode ser abandonado e desaprendido.” (Santos, 2006. Pág. 26). É nesta categoria que o aconselhamento deve trabalhar. Deve-se ver o comportamento pornográfico como uma preferência adquirida, ou seja, trata-se de um comportamento adquirido tanto pela influencia do meio, quanto pela decisão íntima de exercê-lo. Consequentemente, a causa suficiente para este pecado é sempre e somente o coração pecaminoso, mas não se pode ignorar as influências formativas como abuso sexual, ambiente familiar, amigos, etc (Vadeci, 2006). O aconselhamento deve sempre visar o coração da pessoa, Marcos 7.21-23 diz: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que pocedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.” Não são apenas influencias formativas que tornam alguém impuro, mas o que vem de dentro do coração do homem, as influências podem até ativar um comportamente pecaminoso, mas não são a sua causa última.
Em terceiro lugar, deve ficar claro que cristãos envolvidos com pornografia estão na verdade tendo mais temor dos homens do que temor de Deus. O homem foi criado com uma natureza pactual, ou seja, ele é um ser de aliança, um ser religioso. Todos são adoradores, ou adoram a Deus ou adoram um ídolo. Neste sentido, não há neutralidade. Tratam-se dos ídolos do coração. Com respeito a isso David Powlison afirma: "A relevância de grandes partes da Escritura prende-se ao nosso entendimento de idolatria. Contudo, permita-me focalizar a questão utilizando um versículo do Novo Testamento que há muito me pertuba. A última linha de João adverte e ordena: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (1 João 5:21). Como é que avaliamos esse mandamento no final de um tratamento de 105 versículos sobre o relacionamento vital com Jesus, o filho de Deus? Será que algum escriba fez uma emenda extemporânea? Seria um desajeitado feito por um escritor que, usando linguagem simples, metodologicamente tece densas e ordenadas tapeçarias cheias de significado? Será esta uma perspectiva de aplicação prática limitada pela cultura, colocada ao final de um das epístolas mas atemporais e pertencentes aos lugares celestiais que temos? Cada uma dessas altenativas falha em entender a integridade e o poder das palavras finais de João. Pelo contrário , a última linha de 1 João deixa-nos com a questão mais básica com que Deus confronta o coração humano: alguém ou alguma coisa que não Jesus Cristo tem controlado a confiança do nosso coração, como objeto, preocupação, lealdade, serviço ou prazer? É uma questão que influi a motivação imediata do nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos. No conceito bíblico, a questão da motivação é a questão do senhorio. Quem ou o que “regula” meu comportamento, o Senhor ou um substituto? As respostas indesejáveis a esta questão – respostas que mostram nosso desentendimento da “idolatria” que queremos evitar – são claramente apresentadas em 1 João 2:15-17, 3:7-10, 4:1-6 e 5:19. É impressionante como estes versos apresentam uma confluência de perspectivas de motivações idólatras nas áreas sociológicas, psicológicas e demonológicas."(Powlison, 1996, págs. 22,23). Portanto, quando se fala de pornografia não dá para deixar de falar de idolatria. A questão da pornografia é numa primeira instância uma questão de idolatria, de uma falsa adoração, da busca de refúgio em um outro deus que não o Deus das Escrituras. Um cristão, quando envolvido com a pornografia, teme, em geral, ter seus atos descobertos, treme ao menor pensamento de terem seu mundo privativo invadido por alguém, de ter seus pensamentos e atos impuros revelados. Ed Welch afirma: "Todas as experiências de temor do homem têm pelo menos uma característica em comum; as pessoas são grandes. Elas cresceram em proporções enormes, como se fossem ídolos, em nossa vida. Elas nos controlam. Uma vez que não existe nenhum espaço em nosso coração para adorar a Deus e as pessoas, sempre que as pessoas são grandes, Deus não é. Portanto, a primeira tarefa para fugir da armadilha do temor do homem é saber que Deus é tremendo e maravilhoso não as outras pessoas."(Welch, 2008, pág. 119). Um cristão que faz da pornografia o seu mundo secreto, demonstra que perdeu a noção de que Deus está presente em todos os momentos e vê a tudo e a todos. Perdeu a noção de que deve temer somente a Deus, de que é impuro e de que Deus por ser puro não admite a impureza diante de Si. Ele perde a noção de que deve ter por Deus um temor-adoração, ou seja, uma atitude motivada pelo amor e honra que são devidos a Deus. Em contra-partida, apresenta um pavor enorme diante dos homens.Há uma mudança de foco em seu coração. O temor que era devido somente a Deus agora é devido aos homens. É também um problema de afeição. Se suas afeições estiverem em Deus, sua vontade decidirá temê-lo, “pois no amor não existe medo, antes, o amor lança fora o medo” (1 Jo 4.18). Se, contudo, o amor estiver em qualquer outro lugar, que num ponto exterior, quer interior, então medo e ira irão dominá-lo.

Pr Carlos
 
CITAÇÕES
 
1 - GOMES, Wadislau Martins. Aconselhamento Redentivo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
2 - SANTOS, Valdeci da Silva. Uma perspectiva cristã sobre a Homossexualidade. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3 - POWLISON, David. Ídolos do Coração & Feira das Vaidades. Tradução: Wadislau & Elizabeth Gomes – Brasília: Refúgio, 1996.
4 - WELCH, Edward T. Quando as Pessoas São Grandes e Deus é pequeno: vencendo a pressão do grupo, a codepedência, e o temor do homem. Tradução: Débora Galvão – São Paulo (SP). Editora Batista Regular do Brasil, 2008.
5 - TRIPP, Tedd. Pastoreando o Coração da Criança.Tradução: Ângela Guerrato – São José dos Campos (SP): Editora Fiel, 2007.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA PARTE VI


Aconselhamento Aplicado

Quando se lida, no aconselhamento bíblico, com pessoas envolvidas com a pornografia, é necessário levar-se em conta alguns pressupostos:


1 – A pornografia é uma cosmovisão, uma filosofia.

A pornografia ensina que o prazer é a proposta redentora para a humanidade, portanto, todos aqueles que estão ligados à pornografia abraçaram esta filosofia de vida. É um tipo de cosmovisão que busca gerar um substituto para a intimidade. Aqueles envolvidos com a pornografia estão, em primeiro lugar, compromissados em servir a si mesmos, fazendo tudo o que é necessário para encontrar um modo conveniente de não morrer para si mesmo.

2 – A pornografia ensina que a coisa mais importante é o contato genital, não a intimidade.

Para a pornografia, a mulher é um objeto, deve estar sempre disposta a ter uma relação sexual. O que vale é o contato dos órgãos sexuais. Tanto a mulher quanto o homem são vistos como meios para se alcançar um único objetivo: prazer. Mas, de acordo com preceitos bíblicos o sexo foi planejado para ser um elo que gera intimidade. Paulo indica que o sexo é o produto ou a expressão de uma união (1 Co 7.3-4). A pornografia retrata uma sexualidade completamente separada da intimidade. Para ela o sexo mais atraente é aquele praticado com pessoas desconhecidas. Neste sentido, o casamento foi planejado como o contexto em que a relação sexual representa uma expressão de companheirismo.

3 - A pornografia pretende normatizar o excesso.

Na pornografia não existem limites para a obtenção do prazer, vale tudo. Mas a grande questão é que exageros na relação sexual, posições complicadas e doloridas, relações em que a dignidade da mulher é ultrajada, relações bestiais, pedofilia e homossexualisto, tudo é tido como normal, como algo que deve integrar a vida de qualquer casal. A pornografia passa uma imagem de que aqueles que não se enquadram neste tipo de perfil sexual são infelizes e estão fora da normalidade.

4 – A pornografia cria mitos que não têm nenhuma relação com uma sexualidade sadia.

A pornografia cria mitos que ganham estatus de verdade. Mitos como: os negros são mais viris, as brasileiras são boas de cama, homens com pênis grande são melhores de cama, mulheres de bumbum grande são boas de cama, etc.

5 – A pornografia gera uma busca pela sensação, não pelo significado.

Pessoas envolvidas com pornografia estão, na verdade, em busca de sensações. O sexo pornográfico não gera significado, pois não há uma relação sexual completa. E como a sexualidade é uma expressão a espiritualidade, o deus de quem a serve é refletido em seu comportamento sexual.

6 – A pornografia gera um impacto na vida familiar daqueles envolvidos com ela.

Quando se aconselha uma pessoa envolvida com pornografia, é importante ter em mente que o aconselhamento vai além da pessoa envolvida nesta prática. Significa também olhar para o impacto em sua vida familiar e nos demais relacionamentos. Alguém que está envolvido com pornografia fica cada vez mais tempo diante de um computador, revista ou DVD. Este tempo é retirado do seu contato social com a família e amigos. Em geral, a intimidade com a esposa diminui, tendo em vista que há uma outra saída para satisfazer os seus desejos sexuais. Muitas pessoas buscam refúgio na pornografia porque é uma forma de evitar relacionamentos reais, acreditam que assim evitarão a dor que os relacionamentos, enevitavelmente, trazem. Uma tela de computador repleta de imagens pornográficas parece menos ameaçadora do que um relacionamento que pode gerar frustração ou decepção.

7 – Deve ficar claro que o envolvimento com a pornografia trata-se na verdade de uma escravidão, idolatria e adultério espiritual.

Ao contrário da popular noção da psicologia de que a pornografia gera um vício, a linguagem bíblica ideal é de que, na verdade, a pornografia gera escravidão. Quando se trabalha com o conceito de vício a pessoa costuma concluir que ela não tem mais controle sobre seu comportamento, e isto pode contribuir para a crença de que a pessoa não é responsável diante de Deus e de outros pela prática da pornografia. A pessoa precisa entender que ela é responsável por seus pensamentos e ações, mesmo que eles pareçam aparentemente incontroláveis. Sentimentos e ações pecaminosas não podem ser atribuídas e fontes externas. É necessário que a pessoa se veja como um escravo deste pecado, como alguém que está adorando um outro deus, e que Deus deseja mais do que uma mudança do comportamento. Ele deseja corações transformados. A comunidade psicológica oferece explicações inadequadas. Basicamente ela distorce o próprio problema que descreve porque deixa de examinar as motivações do coração e de oferecer a esperança que há em Cristo. Neste sentido, Jeffrey S. Black faz o seguinte comentário:

"Geralmente, quando falamos em fraude ou adultério, temos em mente um caso amoroso entre pessoas que não são casadas. Meu entendimento aque é um pouco diferente. Efésios 5.31-32 diz: Eis porque deixará o homem a seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu refiro a Cristo e à igreja. Não obstane, vós, cada um per si ame a sua própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite a seu marido. A Bíblia é muito clara quando diz que o casamento “tipifica” o relacionamento conjugal, como também Aquele que revelou as verdades concernentes à redenção e ao nosso relacionamento pessoal com Cristo , o significado da metáfora impõe-se. Deus mesmo criou a similaridade, ao invés de articular uma similaridade já existente . Os temas principais da metáfora – a natureza do vínculo matrimonial e a união do crente com Cristo – interagem de maneira que muda e enriquece nosso entendimento de ambos. Minha experiência com Cristo ajuda-me a entender que tipo de cônjuge eu devo ser. Reciprocamente, minha experiência conjugal ajuda-me a entender algo do mistério da união espiritual (Gl 2.20). Como resultado da minha união espiritual com Cristo (Ef 4.1, 20-21; 5.1), vejo-me compelido em meus relacionamentos, e especialmente no casamento, a falar a verdade (Ef 4.25), edificar o próximo (Ef 4.29), morrer para mim mesmo (Ef. 5.1) e não me deixar governar pelas minhas paixões ou pela ira (Ef 4.31)." (Black ,2005, pág. 99). O autor mostra que o casamento apresenta o contexto em que a relação sexual representa uma expressão de companheirismo intenso e intimidade, desta forma, qualquer prática sexual que não expresse essa união, inclusive dentro do casamento, falha em cumprir o propósito pré-estabelecido por Deus. A Bíblia afirma que os dois se tornam uma só carne e que a sexualidade no casamento deve expressar esse companheirismo. Neste sentido, a pornografia representa uma fraude pois ela expressa um desejo de experimentar sexo sem intimidade. Nela não há necessidade de se investir no relacionamento.

8 – A pornografia tem como objetivo a masturbação.

Quando um filme pornô ou uma revista erótica são produzidos a meta é levar à masturbação. E a masturbação é exatamente um substituto para a intimidade. Ela é o sexo práticado a sós, o tipo de sexo que dispensa o investimento em outra pessoa, e isso evidencia algo mais profundo, o egocentrismo. Os envolvidos com a pornografia e. consequentemente, com a masturbação estão compromissados em servir a si mesmos, e desta forma não buscam morrer para si mesmos. Tendo estes pressopostos como base para o aconselhamento, é importante partir para o aconselhamento propriamente dito.
Pr. Carlos

CITAÇÕES

BLACK, Jeffrey S. Uma pervesão da intimidade: pornografia, masturbação e outros usos errados do sexo. Coletâneas de Aconselhamento Bíblico Vol. IV. Seminário Bíblico Palavra da Vida, 2005.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA - PARTE V

Perspectiva cristã da sexualidade.


A primeira coisa que os cristãos devem fazer é ter uma visão realmente bíblica da sexualidade e dos relacionamentos. É importante que a igreja ministre sobre esse assunto, dentro de suas atividades rotineiras, e esse ensino não deve ser minstrado apenas aos noivos e casados,mas principalmente aos adolescentes. Hoje vivemos em um mundo em que a educação sexual é cada vez mais hostil aos valores cristãos. Uma coisa é fato, não adianta apenas contestar estes valores, é preciso propor uma alternativa equilibrada. Uma primeira postura que se pode ter diante da pornografia é a luta por uma censura que realmente funcione. É importante lutar por restrições, e ações concretas que realmente funcionem. A igreja precisa declarar e ensinar a respeito dos malefícios da pornografia por meio de pesquisas sérias e qualificadas. A pornografia pode e deve ser desestimulada. Às vezes é uma mera questão de diminuir o consumo pessoal; outras, de reforçar as restrinções existentes. As revistas poderiam de novo ser vendidas envoltas em papel fosco, nos fundos das bancas ou atrás do balcão. É preciso tanto desenvolver quanto divulgar filtros de internet mais aperfeiçoados que restrinjam o acesso à pornografia on-line. Mas a força da pornografia reside na demanda, se há tantos produtos oferecidos é porque há muitos que querem consumi-lo. Portanto, a grande mudança que deve ocorrer é a mudança de mentalidade. A pornografia precisa deixar de ser vista como algo estimulante, divertido e sensual para ser vista como danosa, patética e cauterizadora. Ela precisa ser desacreditada para que seu consumo seja diminuído. É importante que as mulheres falem abertamente sobre o quanto a pornografia as aborrece e constrange. É necessário que se mostre que a pornografia gera homens superficiais, estúpidos, descontrolados, egoístas, violentos e não como a pornografia insiste em retratá-los, viris, poderosos, gentis e confiáveis. Os homens, em especial, precisam entender que o consumo da pornografia em preferência ao sexo real, equivale a declarar-se inepto ou impotente, avesso a relacionamentos com mulheres, imaturos social e emocionalmente, indesejado e solitário. A pornografia impede que eles superem seus medos e riscos, pois ela lhe dá acesso a um mundo em que nele o sexo não está rodeado de emoções, medos e riscos.

Pr. Carlos

sábado, 9 de janeiro de 2010

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA - PARTE IV

Uma Resposta Bíblica à Pornografia.


A pornografia como uma cosmovisão de mundo em que afirma que tudo é válido e se recusa a admitir distinção entre o certo e o errado, entre o que é moral e imoral. É definitivamente uma forma de pensar anti-bíblica. Ela não leva em consideração a existência de Deus e, portanto, se Deus não existe, não há absolutos morais. Quando olhamos para as Escrituras, vemos que elas se posicionam claramente contra o sexo antes do casamento e a favor da fidelidade no casamento; já a pornografia incentiva exatamente o contrário disso, pois para ela o casamento é irrelevante e a promiscuidade é incentivada. Não é natural do homem caido saber o que é certo e o que é errado. A Bíblia nos ensina isto, inclusive quanto a nossa sexualidade. Por exemplo, é claro nas páginas tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, que a heterossexualidade é o padrão para as relações sexuais e que, portanto, as relações homossexuais renegam o padrão divino para a sexualidade. É o que vemos nos seguintes textos: “Se também um homem se deitar como outro homelm, como se fosse mulher, ambos praticaram cousa abominável: serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.” Lv 20:13, “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nenum impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, “ 1 Co 6.9. Apesar de a cosmovisão pornográfica de mundo incentivar a prática homossexual, a cosmovisão bíblica afirma claramente que ela é proibida e contrária à vontade de Deus. Isto deixa claro que Deus estabelece limites para a nossa sexualidade, limites estes que não são levados em conta pela pornografia. Neste sentido Court faz a seguinte afirmação “O crescimento dos movimentos de libertação homossexual tem seguido paralelamente ao desenvolvimento da pornografia homossexual – por um lado, fornecendo material de estímulo erótico para os homossexuais e, por outro lado, servindo para induzir a opinião pública à aceitação total da prática homossexual. (Court, 1992, pág. 58). Desta forma, há uma discordância clara entre o que a pornografia oferece e promulga e o que as Escrituras definem como certo. Outras discordâncias se dão quanto ao pensamento em relação ao casamento. Veja os seguintes textos: “Por isso, deixará o homem a seu pai e sua mãe [e unir-se-á a sua mulher], e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que o homem ajuntou não o serpare o homem.” Mc 10.7-9. “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.” 1 Co 11.3. “As mulheres sejam submissas a seu próprio marido, como ao Senhor, porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este mesmo o salvdor do cropo. Como, porém, a Igreja está sujeita Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.” Ef 5:22-24. Sendo assim, as Escrituras deixam claro que o casamento é um compromisso exclusivo e vitalício, além de demonstrar para o mundo a relação entre a igreja e Cristo. A pornografia não leva nada disso em consideração, pois ela incentiva o sexo grupal, a bissexualidade. Há uma ênfase em encontros transitórios, sem compromisso, de forma que o conceito de um relacionamento de casamento se torna irrelevante. O Novo Testamento condena claramente a pornéia: ela é fruto da carne, procede do coração corrupto do homem, consiste em uma ameaça à pureza sexual e, portanto, devemos fugir dela. Paulo afirma: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é juto; tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” Fp 4:8. Os cristãos são desafiados a manter as mentes livres das coisas corruptíveis, daquelas que desagradam a Deus e afrontam a sua santidade. Neste sentido devem evitar a pornografia, visto que ela traz uma mensagem que demonstra uma inversão total de tudo o que as Escrituras afirmam a respeito de um desenvolvimento sexual para a maturidade. A pornografia nega a necessidade de relações humanas íntimas e enfatiza sentimentos sensuais isolados, apela para aqueles cujo processo de amadurecimento foi interrompido. É um contrasenso o que ocorre nas locadoras que trazem um seção de “filmes adultos”, tendo em vista que estes tipos de filmes se voltam para um grupo de pessoas que exatamente não amadureceu nesta área ainda. A pornografia traz ainda um modelo de relacionamento baseado na humilhação e degradação do outro que é vista como formas de conseguir satisfação sexual. Court citando Holbrook, afirma “Os defensores da pornografia alegam que o que estão tentando corrigir são as inibições de nossos instintos devido às tradições púdicas – eles estão tentando nos libertar. Estão tentando, declaram, capacitar-nos para sermos mais cheios de vida e afetivos – para sermos mais “nós mesmos”, no campo sexual. Contudo, como Dizkhan, o que a pornografia consegue é o contrário. Nela, as imagens e palavras “usurpam” as funções naturais do instinto. Em vez de sentimentos naturais e amorosos, buscando “encontrar” outro ser humano, temos uma intensa mistura mental de constantes imagens brutais – como no cinema, onde o estupro e outros atos grosseiros de sadismo são agora frequentes. O efeito destas brutalidades mentais é “desrespeitar a pessoa e a natureza das personagens”. Podemos observar isto mesmo nas revistas “para moças”, nas quais a maneira excitante como a moça é tratada e sua exploração fotogrática como objeto destroem suas qualidades pessoais singulares. Esta é a objeção para o uso da nudez em anúncios, também. Isso transforma a mulher em artigo de consumo. Em toda pornografia ela é humilhada e submetida ao menosprezo como um mero objeto sexual. Em sua imagem, a própria humanidade é degradada, por estar destituída de valor e sujeita ao ódio, como o judeu ou o negro são humilhados na propaganda racista. Culpa e medo não são dissipados pela pornografia: ao contrário, ela nos incita a que nos deleitemos com a hostilidade em nossas atitudes com relação ao sexo, e tenhamos desprezo pela outra pessoa, principalmente a mulher. (Court, 1992, pág. 66,67). Entende-se que pornografia consiste em uma ameaça à humanidade. Ela desumaniza as pessoas, pois não leva em consideração o fato de que homem e mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus e que objetificá-los consiste em desconsiderar que devem refletir Deus em seus relacionamentos. A pornografia é hostil à dignidade conferida por Deus à humanidade. Ela é também hostil ao propósito de Deus para com a sexualidade. O propósito divino para a sexualidade visa à intimidade, à união, enquanto, a pornografia visa ao entretenimento, à exploração, a degradação. A pornografia nega a relação afetuosa, e intima, o que é contrário a proposta bíblica para a sexualidade. Em fim, pelo fato de a pornografia trazer uma cosmovisão de mundo que rejeita a humanidade das pessoas, tratando-as como objetos e um estímulo à luxúria pela ausência de uma relação amorosa, bem como uma rejeição aos padrões sexuais bíblicos e uma distorção da realidade, expondo idéias de uma falsa sexualidade, ela, então, contraria claramente os princípios bíblicos para a sexualidade , tornando-se, portanto, um conceito anti-cristão. A perspectiva bíblica a respeito da sexualidade afirma que só através do modelo de sexualidade dado por Deus é que podemos atingir um ao outro em amor. Pois é nesta união sexual que um casal pode expressar mutuamente ternura, intimidade e fidelidade permanente. A pornografia, é assim, uma traição dos valores bíblicos para a sexualidade, é, na verdade, uma forma de escravidão e não de liberdade, pois o que foi criado para ser pessoal está desumanisado. A pornografia mostra claramente uma visão da sexualidade totalmente contrária à estabelecida por Deus. Ela nega a dimensão pessoal e intima da sexualidade, que é exatamente o que Deus pretende pela dádiva do sexo; ela omite, também, a dimensão espiritual que define o sexo no casamento como algo sagrado e que não deve ser degradado. Portanto, todo cristão que genuínamente professa a fé cristã deve se posicionar contra a pornografia e defender uma liberdade sexual que vem da maturidade, do equilíbrio e de uma sexualidade com alicerces espirituais.

Pr Carlos

CITAÇÃO
COURT, John H. Court. Pornografia Uma resposta Cristã. Tradução: José Clóvis Chagas – São Paulo (SP): Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1992.