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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA - PARTE III

Vivendo em um mundo pornificado.


Estão grandemente enganados aqueles que pensam que a pornografia afeta apenas a vida de seus usuários e aqueles que possuem algum envolvimento com eles. A pornografia consiste em uma cosmovisão, uma filosofia. Ela ensina que o prazer é a proposta redentora para a humanidade, neste sentido ela tem influenciado toda uma geração e seu estilo de vida, mesmo aqueles que nunca tiveram acesso à pornografia são de alguma forma influenciados por ela através dos filmes de hollywood, da novelas globais, das músicas e clips da MTV e dos reality shows, tendo em vista, que a forma como o sexo é mostrado traz em si os conceitos da pornografia. Mas, sem dúvida, a grande responsável pela popularização da pornografia é a internet. Ela também, muitas vezes associa-se a cultura do videogame e chega a insinuar-se em áreas não obcenas da internet. É possível que num site de busca coloque-se, por exemplo, a palavra surf e venha o contato de várias páginas de pornografia. Para a geração do século vinte e um é difícil evitar esse mal. Para adolescentes não passa de mais uma atividade on-line. Não há muitos obstáculos para entrar e quase nenhum senso de tabu, afinal esta é uma geração que aprendeu a viver conectada e que passear pela internet faz parte da sua rotina. Muitos adolescentes acham a pornografia inofensiva, encaram-na como simples divertimento. As moças, hoje em dia, têm ícones a serem seguidos pessoas como Sheila Carvalho, Daniela Cicarelli, Madonna, as mulheres frutas. Pousar para a Playboy virou um alvo, uma referência, um sinal de status e carreira bem sucedida. Até mesmo estrelas pornôs têm sido alvo de admiração como Leila Lopes e Alexandre Frota. Muitos homens têm orgulho em ostentar em suas roupas a palavra Hustler. Programas como Superpop têm sua audiencia sustentada em debates envolvendo estrelas pornôs, prostitutas, homossexuais, desfiles de lingerie (com a desculpa de ser um desfile de moda íntima). Adolescentes têm aprendido o que as mulheres desejam e como devem agir com elas por meio da pornografia. Absorvem os conceitos de prazer sexual e dos desejos femininos por meio da cultura pornificada. Num estudo de 2001 conduzido pela Kaiser Family Foundation 59% dos entrevistados de quinze a vinte anos disseram que em sua opinião ver pornografia pela Internet encoraja os jovens a fazer sexo antes de estarem preparados e 49% acharam que esse hábito induz as pessoas a transar sem proteção.Quase metade dos entrevistados (49%) pensava que a pornografia pela Internet pode levar ao vício e promover atitudes indevidas com relação às mulheres. Numa pesquisa de âmbito nacional do Gallup, de 2002, 69% dos garotos adolescentes com idade entre treze e dezessete anos declararam que, mesmo sem ninguém saber, se sentiriam culpados por acessar sites obscenos. Um número ainda maior de garotas – 86% - disse a mesma coisa. (Paul, 2006, pág. 178). Portanto, pode-se ver que a pornografia afeta a sexualidade, e isto pode variar de acordo com a idade da exposição e o maior grau de obscenidade do material. Como a pornografia tem um propósito de levar à masturbação frente a imagens e vídeos irreais de cunho sexual, há uma tendência a encarar os relacionamentos de forma impessoal, o sexo torna-se uma prática isolada voltado para espiar pessoas sem ficar com elas. Além do mais a excitação torna-se vinculada a um estereótipo físico, dos artistas pornôs. Como a pornografia ensina que a coisa mais importante é o contato genital, não a intimidade, aqueles que têm acesso à pornografia passam a encarar o sexo desta forma, vendo a mulher como um objeto, sempre disposta a ter uma relação sexual. Adota-se o conceito de que é possível fazer sexo a despeito dos sentimentos e não por causa dos sentimentos. Aprendem que não há intimidade no sexo. Passa-se a encarar o sexo como divorciado do relacionamento. Mas o fato é que o consumo da pornografia cobra um preço emocional muito alto. A pornografia, em alguns casos, passa a funcionar como uma droga, pois ela traz euforia, entusiasmo, agitação, excitação e obsessão. E muitos, no afã de sentirem essas sensações, precisam constantemente recorrer a ela, tendo em vista que, para eles,  uma relação sexual normal não traz mais esses sentimentos. O sexo passa a ser destoado de amor e afeição. Quando envolvidos pelo mundo da pornografia os homens têm uma visão distorcida de si mesmos, sentem-se melhores, mais fortes, mais poderosos do que as mulheres que vêem na pornografia. Há uma confusão entre virilidade e desempenho sexual. A pornografia proporciona aos homens um mundo em que o sexo não está envolto de emoções, medos e riscos.

Pr. Carlos

Citação

PAUL, Pamela. Pornificados: Como a Pornografia está transformando a nossa vida, nossos relacionamentos e as nossas famílias. Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa – São Paulo: Cultrix, 2006.

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