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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA - PARTE II

O efeito da pornografia nas mulheres.



As mulheres que são incluídas no mundo pornificado, geralmente pelos parceiros, aprendem a objetificar-se. Muitas, influenciadas pela pornografia, têm tido uma mudança em seu comportamento sexual. A fim de comprovar isto Pamela Paul traz a seguinte história:

Valerie, que é solteira, admite ter vida sexual ativa com mais parceiros do que a média, embora não consiga determinar exatamente o número deles. Gosta de jovens, artistas, homens com quem possa manter um relacionamento francamente sexual. “Quando estou com um cara que começa a imitar atos aprendidos em filmes pornográficos, fico à vontade e acho excitante”, revela, “O meu senso de erotismo foi, em definitivo, influenciado pelas mesmas forças pornográficas que afetam os homens, por isso respondo bem às mesmas atitudes, posições e estilos de seu agrado. Também eu passei por uma lavagem cerebral.” Mas, embora fisicamente satisfatório, o sexo que daí resulta tem o seu lado negativo.”Ele é, ao mesmo tempo, chato”, tenta explicar. “Não quero ser apenas o Corpo A. Quero que os homens se sintam comigo, com Valerie, uma mulher individualizada, como o seu próprio corpo e personalidade. Quero que estejam presentes no ato, não que reproduzam alguma forma de comportamento. Ou seja, que aquela seja a nossa experiência, não uma encenação baseada na pornografia.” (PAUL, 2006, 124).



O que se constata é que, quando se submete aos conceitos sexuais da pornografia, a mulher também se permite ser um objeto de prazer sexual para os seus parceiros, sentindo-se, por isso, desvalorizada, diminuída e vazia.

A grande questão é que a pornografia comunica às mulheres que para elas conquistarem os homens devem ser e agir como as atrizes de filme pornô. Pois quando os homens vêem pornografia eles absorvem a sua mensagem sobre o que é ser uma mulher sexy. A pornografia dita a aparência das mulheres e distorce as expectativas quanto ao seu modo de agir. Em resumo, ela dispersa a intimidade, objetifica pessoas e torna o sexo apenas um elemento de busca pelo prazer.

Os relacionamentos afetados pela pornografia tornam-se auto-centrados e pouco íntimos. A pornografia também afeta a monogamia do casamento, porque fantasias apresentadas por ela nada têm a ver com o casamento, pois incentivam relações grupais, homossexuais e até mesmos bestiais.

A pornografia, também, apresenta um sexo sem preliminares, destinado à satisfação masculina, estando a mulher sempre a serviço do homem. Tudo o que o homem faz é tocar a mulher que logo começa a gemer de prazer. E a grande questão é que muitos adolescentes, consumidores de pornografia, vão para seus casamentos achando que a vida sexual é desta forma. Na verdade, trata-se de uma fórmula matemática: quanto mais o homem vê pornografia, menos satisfeito se sente com a aparência e o desempenho sexual da parceira.

Neste sentido, Paul traz a seguinte constatação:

Segundo pesquisa Elle-MSNBC.com, de 2004, 45% dons homens que viam pornografia pela internet por cinco horas ou mais durante a semana confessam estar se masturbando em excesso e um em cinco declarou que já não fazia sexo com a parceira como antes. Isso não surpreende, porque 35% disseram que o sexo real com uma mulher se tornara menos excitante, e 20% admitiram que o sexo real já não se podia comparar ao virtual. (PAUL, 2006,147)



Acontece que a concorrência do sexo real com o virtual é desleal, visto que no sexo pornográfico a rota para o sexo é mais fácil, tanto no quesito emocional quanto físico, do que o convívio com outro ser humano. Na pornografia não há necessidade de conquista, de cortejo, de afeto e carinho.

Um outro aspecto da pornografia que afeta os relacionamentos familiares é o tempo. Um homem envolvido com a pornografia precisa de tempo para isso, tempo para caçar as fantasias que atendem os seus desejos, para ver um número cada vez maior delas, tempo este que é retirado do convívio familiar ou de amigos.

Mulheres que descobrem que seus maridos estão envolvidos com pornografia sentem-se rejeitadas e não suficientemente boas para eles. Veja o seguinte relato:

Evan, de vinte e um anos, estudante de Ciência da Computação, admite que há base para os receios femininos. Uma de suas ex-namoradas não gostava que ele consumisse pornografia. “Ela considerava isso um insulto pessoal”, lembra-se “Achava que não era boa o bastante.” Quando o via folheando a Maxim ou a Playboy, ou assistindo a um DVD, dizia: “Por que você precisa disso? Eu não lhe basto?” A verdade, admite Evan, era que não. Nenhuma mulher pode ser tão atraente ou sensual como as atrizes pornôs – e por isso Evan gostava tanto delas. (PAUL, 2006. Pág. 150)

A grande questão é que as mulheres do mundo da pornografia não são reais, elas interpretam; são tranformadas por plásticas e maquiagens, ou seja, aquilo que é apresentado não existe de fato. Por isso, as mulheres do mundo “real” não podem concorrer com ela, já que é impossível atingir as expectativas de homens afetados pelos conceitos da pornografia.

Homens influenciados pela pornografia acreditam que sexo anal e sadomasoquismo, por exemplo, constituem práticas comuns de um casal sexualmente ativo. Eles concluem que casais que não se entregam a essas práticas não são sexualmente felizes e que para serem felizes em suas vidas sexuais devem se entregar às práticas da pornografia.

Pr. Carlos

Citação:
PAUL, Pamela. Pornificados: Como a Pornografia está transformando a nossa vida, nossos relacionamentos e as nossas famílias. Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa – São Paulo: Cultrix, 2006.

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