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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA PARTE VI


Aconselhamento Aplicado

Quando se lida, no aconselhamento bíblico, com pessoas envolvidas com a pornografia, é necessário levar-se em conta alguns pressupostos:


1 – A pornografia é uma cosmovisão, uma filosofia.

A pornografia ensina que o prazer é a proposta redentora para a humanidade, portanto, todos aqueles que estão ligados à pornografia abraçaram esta filosofia de vida. É um tipo de cosmovisão que busca gerar um substituto para a intimidade. Aqueles envolvidos com a pornografia estão, em primeiro lugar, compromissados em servir a si mesmos, fazendo tudo o que é necessário para encontrar um modo conveniente de não morrer para si mesmo.

2 – A pornografia ensina que a coisa mais importante é o contato genital, não a intimidade.

Para a pornografia, a mulher é um objeto, deve estar sempre disposta a ter uma relação sexual. O que vale é o contato dos órgãos sexuais. Tanto a mulher quanto o homem são vistos como meios para se alcançar um único objetivo: prazer. Mas, de acordo com preceitos bíblicos o sexo foi planejado para ser um elo que gera intimidade. Paulo indica que o sexo é o produto ou a expressão de uma união (1 Co 7.3-4). A pornografia retrata uma sexualidade completamente separada da intimidade. Para ela o sexo mais atraente é aquele praticado com pessoas desconhecidas. Neste sentido, o casamento foi planejado como o contexto em que a relação sexual representa uma expressão de companheirismo.

3 - A pornografia pretende normatizar o excesso.

Na pornografia não existem limites para a obtenção do prazer, vale tudo. Mas a grande questão é que exageros na relação sexual, posições complicadas e doloridas, relações em que a dignidade da mulher é ultrajada, relações bestiais, pedofilia e homossexualisto, tudo é tido como normal, como algo que deve integrar a vida de qualquer casal. A pornografia passa uma imagem de que aqueles que não se enquadram neste tipo de perfil sexual são infelizes e estão fora da normalidade.

4 – A pornografia cria mitos que não têm nenhuma relação com uma sexualidade sadia.

A pornografia cria mitos que ganham estatus de verdade. Mitos como: os negros são mais viris, as brasileiras são boas de cama, homens com pênis grande são melhores de cama, mulheres de bumbum grande são boas de cama, etc.

5 – A pornografia gera uma busca pela sensação, não pelo significado.

Pessoas envolvidas com pornografia estão, na verdade, em busca de sensações. O sexo pornográfico não gera significado, pois não há uma relação sexual completa. E como a sexualidade é uma expressão a espiritualidade, o deus de quem a serve é refletido em seu comportamento sexual.

6 – A pornografia gera um impacto na vida familiar daqueles envolvidos com ela.

Quando se aconselha uma pessoa envolvida com pornografia, é importante ter em mente que o aconselhamento vai além da pessoa envolvida nesta prática. Significa também olhar para o impacto em sua vida familiar e nos demais relacionamentos. Alguém que está envolvido com pornografia fica cada vez mais tempo diante de um computador, revista ou DVD. Este tempo é retirado do seu contato social com a família e amigos. Em geral, a intimidade com a esposa diminui, tendo em vista que há uma outra saída para satisfazer os seus desejos sexuais. Muitas pessoas buscam refúgio na pornografia porque é uma forma de evitar relacionamentos reais, acreditam que assim evitarão a dor que os relacionamentos, enevitavelmente, trazem. Uma tela de computador repleta de imagens pornográficas parece menos ameaçadora do que um relacionamento que pode gerar frustração ou decepção.

7 – Deve ficar claro que o envolvimento com a pornografia trata-se na verdade de uma escravidão, idolatria e adultério espiritual.

Ao contrário da popular noção da psicologia de que a pornografia gera um vício, a linguagem bíblica ideal é de que, na verdade, a pornografia gera escravidão. Quando se trabalha com o conceito de vício a pessoa costuma concluir que ela não tem mais controle sobre seu comportamento, e isto pode contribuir para a crença de que a pessoa não é responsável diante de Deus e de outros pela prática da pornografia. A pessoa precisa entender que ela é responsável por seus pensamentos e ações, mesmo que eles pareçam aparentemente incontroláveis. Sentimentos e ações pecaminosas não podem ser atribuídas e fontes externas. É necessário que a pessoa se veja como um escravo deste pecado, como alguém que está adorando um outro deus, e que Deus deseja mais do que uma mudança do comportamento. Ele deseja corações transformados. A comunidade psicológica oferece explicações inadequadas. Basicamente ela distorce o próprio problema que descreve porque deixa de examinar as motivações do coração e de oferecer a esperança que há em Cristo. Neste sentido, Jeffrey S. Black faz o seguinte comentário:

"Geralmente, quando falamos em fraude ou adultério, temos em mente um caso amoroso entre pessoas que não são casadas. Meu entendimento aque é um pouco diferente. Efésios 5.31-32 diz: Eis porque deixará o homem a seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu refiro a Cristo e à igreja. Não obstane, vós, cada um per si ame a sua própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite a seu marido. A Bíblia é muito clara quando diz que o casamento “tipifica” o relacionamento conjugal, como também Aquele que revelou as verdades concernentes à redenção e ao nosso relacionamento pessoal com Cristo , o significado da metáfora impõe-se. Deus mesmo criou a similaridade, ao invés de articular uma similaridade já existente . Os temas principais da metáfora – a natureza do vínculo matrimonial e a união do crente com Cristo – interagem de maneira que muda e enriquece nosso entendimento de ambos. Minha experiência com Cristo ajuda-me a entender que tipo de cônjuge eu devo ser. Reciprocamente, minha experiência conjugal ajuda-me a entender algo do mistério da união espiritual (Gl 2.20). Como resultado da minha união espiritual com Cristo (Ef 4.1, 20-21; 5.1), vejo-me compelido em meus relacionamentos, e especialmente no casamento, a falar a verdade (Ef 4.25), edificar o próximo (Ef 4.29), morrer para mim mesmo (Ef. 5.1) e não me deixar governar pelas minhas paixões ou pela ira (Ef 4.31)." (Black ,2005, pág. 99). O autor mostra que o casamento apresenta o contexto em que a relação sexual representa uma expressão de companheirismo intenso e intimidade, desta forma, qualquer prática sexual que não expresse essa união, inclusive dentro do casamento, falha em cumprir o propósito pré-estabelecido por Deus. A Bíblia afirma que os dois se tornam uma só carne e que a sexualidade no casamento deve expressar esse companheirismo. Neste sentido, a pornografia representa uma fraude pois ela expressa um desejo de experimentar sexo sem intimidade. Nela não há necessidade de se investir no relacionamento.

8 – A pornografia tem como objetivo a masturbação.

Quando um filme pornô ou uma revista erótica são produzidos a meta é levar à masturbação. E a masturbação é exatamente um substituto para a intimidade. Ela é o sexo práticado a sós, o tipo de sexo que dispensa o investimento em outra pessoa, e isso evidencia algo mais profundo, o egocentrismo. Os envolvidos com a pornografia e. consequentemente, com a masturbação estão compromissados em servir a si mesmos, e desta forma não buscam morrer para si mesmos. Tendo estes pressopostos como base para o aconselhamento, é importante partir para o aconselhamento propriamente dito.
Pr. Carlos

CITAÇÕES

BLACK, Jeffrey S. Uma pervesão da intimidade: pornografia, masturbação e outros usos errados do sexo. Coletâneas de Aconselhamento Bíblico Vol. IV. Seminário Bíblico Palavra da Vida, 2005.

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