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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

RESENHA DO LIVRO : Introdução do Aconselhamento Bíblico de John F. MacArthur Jr. e Wayne A. Mack


O livro nos apresenta uma visão integrada que leva em conta a pessoa, o problema pelo qual ela tem passado e a revelação de Deus em sua Palavra. Sendo assim, para os autores a revelação especial é a fonte primária de conhecimento e princípio hermenêutico da revelação na natureza e nas ciências sociais que estudam o comportamento humano e social. Quanto às ciências naturais o livro as leva em consideração e reconhece a sua importância e a razoabilidade de sua confiança, mas as Escrituras são sempre os óculos através dos quais todas as ciências são analisadas.Algo muito importante que o livro traz é a demonstração de que o aconselhamento bíblico não é uma especialidade separada do ministério pastoral e da comunhão cristã na igreja. Neste sentido, por exemplo, a pregação faz parte do aconselhamento na prontidão para responder a dúvida da congregação após a mensagem. Outra questão deixada bem clara pelos autores é que o aconselhamento bíblico não é tarefa exclusiva dos pastores, mas também de presbíteros e “leigos”. Mas o que mais me chamou a atenção foi a maneira como os autores vêem a psicologia, tendo em vista que muito se discute sobre a relação entre aconselhamento e psicologia, e confesso que esta sempre foi um área de tensão para mim pois não sabia como lidar com isso. Mas ao afirmarem que a psicologia deve ser considerada uma área de estudo do ser humano, e como tal, de caráter observatório, pude apaziguar as minhas dúvidas. Tendo em vista que o livro deixa bem claro que as observações feitas e as teorias propostas poderão ser tão corretas como erradas, e que deveriam ser apreciadas, como em todas as áreas do conhecimento, de modo crítico. Sendo assim, pude entender que a psicologia secular observa a realidade perceptível e coleta seus dados, mas os utiliza para fugir de Deus, para negá-lo e para adorar e servir a criatura em lugar do criador.Conforme afirma McArthur Jr “Não tenho qualquer dificuldade com aqueles que usam o bom senso ou as ciências sociais como plataformas úteis a um observador da conduta humana e desenvolvem meios para dar assistência a pessoas que precisam obter controle exterior do seu comportamento. Isso pode até ser um primeiro passo para se obter a verdadeira cura espiritual. Mas um conselheiro sábio, reconhece que todo tipo de terapia behaviorista permanece na superfície, fica aquém das verdadeiras soluções para as reais necessidades da alma, que são satisfeitas somente em Cristo.” (pg. 38). Mas apesar de ser reconhecida como uma fonte de observação do comportamento humano a psicologia jamais deverá ser colocada acima das Escrituras, pois no aconselhamento deve ser resguardada a soberania da fé cristã revelada na Bíblia como o elemento crítico da validade de qualquer forma de pensamento. A grande questão é que no pensamento secular a revelação bíblica não sequer considerada, mas para o conselheiro cristão ela é a fonte primária. Portanto, algo muito interessante apontado pelo livro são os problemas que as ciências sociais apresentam:
- A natureza humana é essencialmente boa.
As Escrituras afirmam que todos pecamos e carecemos da glória de Deus, e portanto, nascemos com uma natureza pecaminosa que nos faz mal por natureza.
- As pessoa encontram respostas para os seus problemas dentro de si mesmas.
As Escrituras afirmam que só encontramos respostas para os nossos problemas na graça de Deus, manifesta em Jesus Cristo.
- A chave para a compreensão e a correção das atitudes e ações de uma pessoa reside em algum ponto de seu passado.
O aconselhamento leva em conta as memórias de uma pessoa. No entanto, não entende que a solução para os problemas de uma pessoa está em algum lugar do seu passado, muito menos que os acontecimentos do passado determinam o que a pessoa é no presente. Segundo, o Rev. Wadislau “cremos que a coleção das memórias seja feita, imaginativa e seletivamente, depois da ocorrência de situações e de experiências que ratificam a habitação em crenças (fé); e cremos que o arrependimento bíblico é a base para a mudança do objeto da fé dos ídolos para Deus (mudança de habitação), e até mesmo para a reconfiguração das próprias memórias (imaginação) transformando o coração para um propósito novo e santo (operação).” (Gomes, pg. 129)
- Os problemas de uma pessoa são resultantes de algo que outra pessoa lhes fez.
A Palavra deixa claro que todos somos pecadores e que portanto o arrependimento torna-se necessário para que possamos experimentar a redenção de nossas vidas. É claro que o pecado de outras pessoas também nos prejudica, no entanto, não podemos transferir a culpa daquilo que fazemos para terceiros.
- Os problemas humanos podem se puramente psicológicos em sua natureza – não estão relacionados a qualquer condição espiritual ou física.
O problema humano é relacional (relacionamento com Deus e com o próximo quebrado).
- Os problemas profundos só podem ser resolvidos por conselheiros profissionais e por meio de terapia.
Como as bases das terapias são princípios seculares humanistas ela oferece uma solução para os problemas humanos à parte de Deus, no entanto, o pensamento reformado trabalha com o aconselhamento redentivo, pois parte da crença da depravação total do homem e procede de Deus para alcançar o homem, já uma abordagem terapêutica parte do homem em direção ao homem, sendo insufidicente para falar às necessidades humanas mais profundas.
- As Escrituras, a oração, e o Espírito Santo são fontes inadequadas e simplistas para a resolução de certos tipos de problemas.
Só a Bíblia é o instrumento confiável e legítimo para que se possa verdadeiramente conhecer a alma humana, e para redimir o coração, a mente e a vontade humana. Sendo os exercícios devocionais essenciais na aplicação de seus princípios.
Portanto, não existe uma rivalidade entre a Bíblia e a Psicologia, pois elas não estão no mesmo pé de igualdade. No entanto, a Psicologia mostra-se útil como uma ciência que estuda o comportamento humano, sendo que suas observações poderão ajudar o conselheiro, mas todas elas devem passar pelo crivo das Escrituras. Conforme afirma Wadislau M. Gomes “As diferentes psicologias presumem a cura do homem a partir de princípios seculares humanistas, das idéias de bondade completa do homem ou de sua maldade por definição, ou, ainda, de sua neutralidade moral e da circunstância natural do problema (psicológico, mental ou ambiental), oferecendo a possibilidade de solução de problemas à parte de Deus – seguindo um modelo médico do qual deriva a expressão “terapia”. A teologia reformada utiliza do termo “redenção” não apenas para fazer uso da linguagem teológica, mas, primordialmente, porque a crença na depravação total do homem (veja Gn 2-3; Rm 1-3) coloca o problema do homem no âmbito dos aspectos moral e pístico (relativo à fé).” (Gomes, Pg. 14)Portanto, o livro é de fato um excelente instrumento para conselheiros que querem aplicar os princípios bíblicos no aconselhamento de pessoas que lidam com diversos problemas em suas rotinas de vida, pois nos mostra a suficiência das Escrituras para todos os problemas que afetam a humanidade, deixando claro a origem comum de todos eles: o pecado. E desta forma, este mau jamais pode ser ignorado quando se trata de ajudar pessoas com problemas.
Pr. Carlos

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