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terça-feira, 10 de abril de 2012

RUMO AO CORAÇÃO DA ANSIEDADE


Baseado em Mateus 6.19-34.



Don´t worry, be happy! Este era o conselho dado por uma canção de Bob Marley vários anos atrás. No entanto, para quem luta contra a ansiedade esse conselho é simplista. Não existe um interruptor que se possa acionar para desligar a ansiedade.Talvez não haja um problema que atormente mais do que a ansiedade, ela chega rápido, mas demora a sair. Ela consome o nosso sono, sulga as nossas energias, arruína relacionamentos, e agrava os problemas de saúde. Hoje em dia a nossa cultura está abolindo gradualmente as noções de pecado e responsabilidade pessoal. Neste sentido, a ansiedade tem sido encarada por muitos como uma doença e até medicada como tal. Sendo assim encaixada no modelo médico. Mas o que é o modelo médico? No evangelho da medicina moderna  que tudo se reduz ao funcionamento do corpo. Não há um aspecto espiritual, apenas a matéria. Nem mesmo se considera a ideia de que o homem vive perante Deus. Quando a matéria está normal, tudo está bem e a intervenção médica não é necessária. Entretanto, quando os padrões ou comportamentos biológicos estão anormais, então há uma doença. Quando usamos o termo doença isso, naturalmente, implica que a responsabilidade pessoal fica diminuída ou ausente e também que a medicina é o provedor de serviços exclusivo. Na verdade, do ponto de vista do modelo médico, qualquer intervenção não-médica seria considerada contrária à ética. A grande questão é que atualmente a definição de doença inclui muito mais do que um nível baixo de glicose no sangue ou um nível alto de colesterol. Hoje o modelo médico também inclui qualquer comportamento fora do comum. Tudo, desde a desobediência aos pais até o assassinato, pode ser categorizado como doença, o que significa por definição que as pessoas afetadas não são responsáveis. E a ansiedade tem sido interpretada a partir desde modelo, sendo, portanto, categorizada como uma doença.Do ponto de vista bíblico há problemas óbvios nesse modelo. O mais evidente é que o modelo médico ou a ideia de doença ignora o fato de que os seres humanos são uma unidade de duas partes: física e espiritual, corpo e coração. Sem dúvida o modelo médico encontra muitas verdades na análise do corpo que pode ter uma profunda influência sobre o coração. Por exemplo, um problema cerebral pode fazer com que a pessoa fique mais propensa ao pecado. Mas os problema físicos não podem fazer com que uma pessoa seja pecadora ou obediente. É isso que as Escrituras nos afirmam: "Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. (2 Co 4.16). O indicador moral é o coração. O corpo é tanto uma influência sobre coração como também um instrumento para que o coração se expresse. Outro problema do modelo médico é o termo anormal. Porque ele é ambíguo, enraizado na cultura, na opinião e no preconceito, não na ciência. O que é anormal para uma pessoa não é anormal para outra e o que é anormal em um país não é anormal em outro. Se você consultar o DSM IV ele irá classificar cada um de nós sob um diagnóstico ou  transtorno mental. O conceito de anormalidade é tão elástico e ambíguo que todos nós podemos ser rotulados de anormais. Isso pode parecer uma discussão boba, mas quando percebemos que a anormalidade é equivalente à doença e a doença é equivalente a uma responsabilidade reduzida, então se torna óbvio que o modelo médico está declarando guerra à perspectiva bíblica do homem. Isso tem acontecido com relação à ansiedade. Eu não nego que a ansiedade pode tomar uma dimensão tal em nossas vidas que aparentemente perdemos o controle diante dela. E aí temos um dilema teológico: como conciliar a natureza descontrolada de alguns casos de ansiedade e a natureza intencional e consciente do pecado? As duas coisas parecem incompatíveis e categoricamente diferentes. Portanto, optamos pelo único modelo disponível: doença. Parece que não temos outra escolha. Mas não podemos nos esquecer que o pecado é mais que uma rebelião consciente contra Deus. É também um poder enganador que quer nos controlar e nos escravizar. Esse ultimo aspecto do pecado tem sido negligenciado pela igreja, por isso, ela às vezes se encontra despreparada para tratar das experiências que parecem acontecer sem um propósito consciente. O pecado vai além de escolhas conscientes. Como um capataz cruel, o pecado nos vitima e nos controla. Ele aprisiona e surpreende, e às vezes lutar contra ele parece ser uma tarefa impossível e improdutiva. Desta forma, a escravidão do pecado, que todo homem já experimentou de alguma forma, é similar à doença em outros aspectos, muito embora existam diferenças cruciais. A diferença fundamental é que a escravidão do pecado é algo pelo qual somos responsáveis, e podemos ser capacitados por Deus para abandoná-la. Então em alguns casos a ansiedade é um híbrido ela nos controla como uma doença, mas também somos responsáveis por ela. Mas categorizá-la como uma doença por mais profunda e crônica que ela seja não nos ajudará a vencê-la. A ansiedade é pecado, mas Deus oferece solução e esperança em Cristo.

No texto de Mateus 6.19-34 Jesus dá a boa nova, a ansiedade tem cura. Deus garante auxílio e esperança por meio do Seu Espírito e Sua Palavra. O fato de Jesus falar aos seus seguidores sobre a ansiedade indica que os cristãos podem enfrentar tentações nesta área. No entanto, eles não estão entregue às psicologias e técnicas centradas no homem, mas na Palavra de Deus. Você não está sozinho, pois Deus o seu pai, está pronto a te ajudar. Vamos aos pontos principais do texto:

1 Deixar-se dominara pela ansiedade é errado.

Ele repete essa advertência pelo menos três vezes.Vs. 25,31,34
Se você é alguém que costuma ficar ansioso, essas advertências não devem ser motivo de desânimo. A graça do Senhor Jesus Cristo está à sua disposição para te ajudar contra o pecado. Embora Deus não elimine todas as situações difíceis que podem dar ocasião à preocupação, Ele é especialista em perdoar e transformar a nossa ansiedade. Então, contrariamente, a perspectiva médica-psicológica que tira a responsabilidade humana as Escrituras vão deixar claro que ansiedade é uma resposta, uma reação, um ato, e mais, um ato que desagrada a Deus, um ato pecaminoso. Somos responsáveis pela nossa ansiedade, ela expressa algo que está acontecendo em nossos corações. A ordem do Senhor Jesus é clara: não andeis ansiosos.  A ideia que Jesus quer passar é essa: se você estão ansiosos, parem; se não começaram não o façam. A palavra grega para vida é psyche. Ela se relaciona com a plenitude da vida terrena, física e exterior. Não seja ansioso pelas coisas deste mundo temporal (alimento, vestimenta e coisas materiais associadas a elas). 

Vs. 21 Ambicionar tesouros terrenos produz afeições terrenas. Eles cegam a nossa visão espiritual e afastam-nos do serviço a Deus. Como filhos de Deus temos um único objetivo o tesouro no céu.  Uma única visão: os propósitos de Deus, e um único mestre: Deus. Portanto, a ordem é não fiquem preocupados com as coisas deste mundo. Para avaliar o impacto do que Jesus disse aos seus ouvintes, imagine o que seria viver em um país de poucos recursos. Na Palestina da época havia poucos recursos. Havia ocasiões em que a neve não caia sobre as montanhas e, como consequência, as correntes de água não chegavam aos rios. De vez em quando, uma praga de gafanhotos devastava as colheitas, trazendo fome à população. Por outro lado, quando havia fome, não havia dinheiro e, sem ele, ninguém podia comprar roupa e outros gêneros de necessidade. Muitos em nossa cultura preocupam-se excessivamente com coisas relacionadas ao bem-estar do corpo, maquiagem, cabeleireiro, ginástica, roupas, carros, casas, alimentação, jóias, passeios, viagens.

Porque é pecado andar preocupado?
No texto Jesus expõe as raízes pecaminosas da ansiedade e aponta uma saída.
Vs. 19-25

2 A ansiedade expressa idolatria.

A Ansiedade expressa idolatria. Que significa adorar alguém ou alguma coisa que não são o verdadeiro Deus.  Trata-se de entregar o coração a um falso salvador, exaltar os seus desejos pessoais acima do salvador e servir a um outro Senhor em lugar do verdadeiro Senhor. A ansiedade demonstra que você está alicerçando a sua vida em um falso deus. Jesus começa o verso 25 com o termo portanto, que nos leva de volta aos versos 19 a 24, onde Jesus fala da idolatria. Em vez de se focar nos tesouros celestiais o ansioso se prende aos tesouros terrenos, como trabalho, casamento, posses, saúde, filhos. Como seus olhos estão focados nestes tesouros eles passam a viver em constante preocupação com o futuro. Quando fazemos isso deixamos de desfrutar dos tesouros celestiais, os bens que temos em Cristo, os quais superam as quinquilharias perecíveis que tanto valorizamos. Em vez de fixar os olhos em Cristo os olhos do ansioso estão fixados nas preocupações deste mundo (vs. 22-23), nos impedindo de ver as coisas lá do alto. Em vez de servir a Deus, os ansiosos dedicam-se a senhores que competem com ele (vs. 24). Os senhores de escravos exigem dedicação exclusiva, não se pode trabalhar para dois senhores.  Quer esse senhor seja o dinheiro, a sua reputação, seu cônjuge, a sua vocação, você deve entrega-los a Cristo, o seu Senhor, e não permitir que ocupem o trono do seu coração. Sempre que você estiver preocupado, examine os seus tesouros que você considera de valor. O que prende o seu olhar? Quem o ocupa o lugar do verdadeiro senhor em sua vida? Arrependa-se não apenas do comportamento ansioso, mas também da idolatria que o motiva. Portanto, a ansiedade é na verdade a ponta do iceberg, na base, num nível mais profundo temos a idolatria, ou seja, o entregar do coração a um falso deus. Quando fazemos isso, escolhemos sair dos limites do reino de Deus e procurar bênçãos na terra dos ídolos. Ao voltarmos para os ídolos, estamos dizendo que desejamos algo da criação mais do que desejamos o criador. O que é um deus? É qualquer pessoa ou coisa na qual depositamos a nossa afeição a ponto de nos entregarmos com um apego excessivo e pecaminoso. A idolatria abarca qualquer coisa que adoramos: a cobiça por prazer, respeito, amor, poder, controle, isenção de dor. O propósito da idolatria é manipular o ídolo para o nosso benefício, mas os ídolos não cooperam. Ao invés de dominarmos os nossos ídolos, nós nos tornamos seus escravos e começamos a nos parecer com eles. (Sl 115.8). Mas porque eles tem tanto poder? Por causa da presença silenciosa que está atrás dele: Satanás. Quando colocamos a nossa afeição em objetos criados demonstramos a nossa afinidade com Satanás.

2 A ansiedade expressa incredulidade, a solução é a fé.

A ansiedade não expressa apenas a idolatria, mas expressa também incredulidade. Jesus não se dirige aos seus ouvintes como a pagãos incrédulos, mas como a homens de pouca fé.  A ansiedade surge da dúvida que ainda está no coração. Jesus não se limitar a proibir a ansiedade, mas apresenta as razões pelas quais não devemos nos preocupar. Ficar ansioso é negar de forma prática o poder, o amor e sabedoria  de Deus para com você na situação que você enfrenta. Vs. 25-30

Jesus lembra que o mesmo Deus que cuida das aves e das flores, atribuí a você muito mais valor do que a elas. Seu Deus cuida das plantas e dos animais, Ele não cuidará de você, irmão, que foi criado à sua imagem e comprado pelo precioso sangue do Cristo, recriado com a vida de Cristo e selado pelo Espírito Santo?

Os vs. 31,32  afirmam que a ansiedade caracteriza os pagãos, aqueles que não pertencem ao pai celestial. Porque os pagãos sim procuram avidamente as coisas temporais. Os cristãos, porém, têm um pai que conhece as suas verdadeiras necessidades e as atende no tempo certo. A raiz da ansiedade é a desconfiança de tudo o que Deus prometeu nos dar em Cristo Jesus. Qual é o antidoto? Crer nas promessas de Deus e orientar a sua vida de acordo com as prioridades de Deus.(v. 33). Nenhuma das promessas de Deus jamais falhou. Neste sentido John Piper em seu texto Quando estou ansioso nos traz as seguintes orientações:

Quando estou ansioso sobre meu ministério ser inútil e vazio
eu luto contra a incredulidade com a promessa de Isaías 55:11: "Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei."
Quando estou ansioso sobre ser muito fraco para realizar o meu trabalho,
 eu luto contra a incredulidade com a promessa de Cristo: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9).
Quando estou ansioso sobre decisões que preciso tomar sobre o futuro,
 eu luto contra a incredulidade com a promessa: "Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho" (Salmos 32:8).
Quando estou ansioso sobre encarar oponentes,
eu luto contra a incredulidade com a promessa: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31).
 Quando estou ansioso sobre o bem-estar daqueles a quem amo,
eu luto contra a incredulidade com a promessa que se eu, sendo mau, sei como dar coisas boas para os meus filhos, "quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?" (Mateus 7:11). E luto para manter meu equilíbrio espiritual com a lembrança que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor a Cristo "que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna" (Marcos 10:29-30).
Quando estou ansioso sobre ficar doente,
 eu luto contra a incredulidade com a promessa: "Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra" (Salmos 34:19). E tomo a promessa com temor: "A tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Romanos 5:3-5).
Quando estou ansioso sobre estar ficando velho,
 eu luto contra a incredulidade com a promessa: "Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei" (Isaías 46:4).1

Quando estou ansioso sobre morrer,
 eu luto contra a incredulidade com a promessa que "nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos" (Romanos 14:7-9).
Quando estou ansioso sobre a possibilidade de naufragar na fé e me afastar de Deus,
 eu luto contra a incredulidade com as promessas: "aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus" (Filipenses 1:6); e "também pode salvar totalmente os que por ele [Cristo] se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hebreus 7:25).
Lutemos, não contra outras pessoas, mas contra nossa própria incredulidade. Ela é a raiz da ansiedade, a qual, por sua vez, é a raiz de muitos outros pecados. Assim, liguemos nossos pára-brisas, o jato de água e mantenhamos nossos olhos fixos nas mui grandes e preciosas promessas de Deus. Tome a Bíblia, peça auxílio ao Espírito Santo, guarde as promessas em seu coração, e lute o bom combate – viver pela fé na graça futura.


Sempre que você ficar ansioso saiba que é um sintoma de idolatria e de incredulidade remanescente em seu coração. Naquele momento você está vivendo para alguém ou para alguma coisa além do Senhor, e existe alguma verdade ou promessa de Deus que você está deixando de abraçar. As perguntas de auto-avaliação podem leva-lo a refletir a sua ansiedade à luz da Palavra. Certifique-se se avaliar esses assuntos em oração:

1 Quais as áreas da minha vida que provocam ansiedade com maior frequência?
Arrependa-se por deixar as preocupações controlarem você.
2 Em quais mentiras eu acredito e os ídolos específicos que sou mais propenso a adorar?
Identifique-os e confesse-os a Deus.
3   Quais verdades específicas a respeito de Deus  e quais promessas de Deus eu preciso abraçar a cada dia?
Encher a sua mente com a Palavra de Deus ajudará a afastar os ídolos e a incredulidade remanescente.
4 Quais os passos de fé e obediência eu preciso dar hoje? Quais as tarefas que Ele me chama a cumprir?
Invista as suas energias de bom grado naquilo que deve ser realizado hoje.

Quero incentivá-lo a não fazer isso sozinho, Deus o colocou em comunhão com o corpo de cristo. Conte com a ajuda dos pastores, um amigo sábio,  que possa auxiliá-lo em sabedoria e amor, a conhecer e aplicar a Palavra de Deus às situações que contribuem para a ansiedade.

Baseado no texto de Robert Jones Rumo ao Coração da Ansiedade.