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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Conselheiros bíblicos ou conselheiros cristãos?


E o que dizer acerta dos grupos que tem se auto nominado como conselheiros bíblicos (como por exemplo, o Jornal of Biblical Counseling) e conselheiros cristãos (como a American Association of Christian Counselor – AACC)? Qual a diferença entre eles? Vamos a elas? Os intitulados Conselheiros Bíblicos defendem que o conteúdo e o método do aconselhamento devem vir apenas da Bíblia. Então o que eles oferecem é uma sábia utilização da Bíblia na vida dos que lutam contra seus problemas. Aparentemente, os Conselheiros Cristãos também defendem a mesma autoridade das Escrituras.  Mas será que o que eles fazem e ensinam está em desacordo com a fé que eles professam? Portanto, os termos conselheiros bíblicos ou conselheiros cristãos estão no centro do debate acerca do aconselhamento. Aqui temos um problema maior do que um simples problema de terminologia. Entre os cristãos que fazem aconselhamento é mais difícil perceber as diferenças, porque os dois movimentos se aproximaram nos últimos vinte anos. Em ambos os lados tem ocorrido mudanças significativas. Os psicólogos tornaram-se mais biblicamente orientados nos anos 90 do que eles eram nos anos 70 e 80. Larry Crabb e a AACC são os exemplos mais visíveis de como a parte evangélica dos psicólogos com dupla identidade está  promovendo um certo embaraço na identidade profissional. A partir deles, uma visão mais holística do homem e da sua natureza tem surgido entre muitos psicólogos evangélicos. Alguns psicólogos cristãos ainda tentam separar problemas espirituais de problemas psicológicos, relacionais e mentais, tentando, desta forma, validar a sua existência profissional como algo qualitativamente diferente da cura de almas. Mas muitos destes profissionais tem percebido que a divisão entre espiritual e psicológico é artificial e problemática. Muitos deles têm concordado com João Calvino que afirma que o conhecimento de Deus é essencial para o autoconhecimento. Este olhar mais holístico do homem tem afetado a autoimagem profissional. Cada vez mais, Conselheiros Cristãos tem buscado identificar o seu trabalho como o cuidado da alma e vêm isto como um ministério que deve estar cada vez mais ligado à igreja. Então, os psicoterapeutas têm se “parecido” mais os como conselheiros pastorais e teólogos pastorais que seguiram Jay Adams. Enquanto isso, os conselheiros bíblicos também mudaram. O que eles têm escrito agora evidencia um leque maior de preocupações e conceitos do que eles tinham no início dos anos 70. Eles completaram, desenvolveram ou até mesmo alteraram alguns aspectos do pensamento de Jay Adams. Hoje em dia os Conselheiros Bíblicos dão grande atenção para os seguintes aspectos: 1) A dinâmica da mudança pessoal, teoria da motivação, crença, auto avaliação, autoengano; 2) O impacto do sofrimento e da socialização na vida da pessoa; 3) Compaixão, flexibilidade, diagnóstico, metodologia do aconselhamento; 4) nuances da interação entre a fé cristã e a psicologia moderna; 5) Comunicação familiar e conjugal; 6) As causas e o tratamento do que é chamado de vício. O modelo de aconselhamento bíblico, nos dias de hoje, é mais detalhado e abrangente sobre a grande variedade de assuntos “psicológicos”. Isso quer dizer que os psicólogos parecem mais bíblicos e os conselheiros bíblicos mais psicologiados. O que isso significa? Estão as duas partes em direção a uma aproximação ou a uma coalisão mais profunda? O estão se movendo em direção a um ainda não imaginado realinhamento? Sinceramente, eu acredito que as duas visões são incompatíveis. Mas eu acredito que o momento atual é propício ao diálogo. Eu acredito que nós, o corpo de Cristo, podemos identificar onde as ideias e práticas são fundamentalmente incongruentes, e as incongruências deveriam ser abertamente declaradas e debatidas para que a igreja possa avaliar as posições e escolher sabiamente. Algumas diferenças aparentes podem vir a ser a mesma coisa afirmada em palavras diferentes ou coisas complementares que podem ser explicadas dentro de um modelo comum. Afinal de contas, servimos ao Deus vivo que usa os fatos históricos para a Sua glória e para o nosso bem-estar. Ele não deixará seus filhos perdidos na ignorância, incompetência, querelas e confusão. Então qual terminologia devemos usar? Eu sugiro que usemos a linguagem que seja a menos prejudicial e mais descritiva dos pontos que distinguem os dois grupos. A questão central gira em torno da intenção e do alcance das Escrituras, da natureza do trabalho pastoral e ao grau de importância que a igreja tem na ajuda que oferece ao homem em seus problemas. 

Adaptação do original Cure of Souls (and the modern Psychoterapies) de David Powlison.
Texto completo disponível em http://www.ccef.org/cure-souls-and-modern-psychotherapies
Pr. Carlos